Thursday, March 29, 2007

Racismo em Brasilia

Acabo de ler no site do globo que um apartamento de estudantes africanos foi incendiado em Brasília por militantes racistas ao velho estilo Ku-Klux-Klan.
Que vivemos num país racista, todos sabem, mas este tipo de prática violenta e não escamoteada contradiz os métodos racistas culturais vigentes, alertando-nos para um possível desenvolvimento de um novo racismo, condizente com aqueles que já conhecemos no primeiro mundo. Claro que posso estar exagerando um pouco, mas o novo sistema de cotas raciais abriu essa brecha, gerou o pretexto ideal para que estudantes não negros possam assumir um racismo já latente de forma mais aberta, ou tranformem sua carga de insatisfações e angústias em ódio, descarregando-os sobre um grupo visível em cima do qual pensam poder justificar a origem dos próprios problemas.

Em suma, a hipocrisia nacional se revela outra vez, pois todos sabemos que vivemos numa nação desigual, e - por que não dizer? - racialmente desigual (tanto em termos sociais quanto histórico-culturais), mas enquanto essa desigualdade é praticada sem que se a declare, não há problemas. Pois todos podem fingir que nada acontece. Se, no entanto, algo é dito, ou pautado em lei, quer a favor dos negros (ex: cotas, revistas especializadas ou camisas 100% negro) ou mesmo contra (como no próprio caso do jornal, que certamente gerará caras e bocas de espanto e indignação em nossos racistas habituais que, outra vez, tentarão transformar seus colegas "declarados" em bodes espiatórios para se sentirem menos racistas), brasileiros não hesitam em erguer suas lanças de hipocrisia. Neste país, racismo deve ser praticado, mas nunca mencionado, e isso acaba colaborando ainda mais para a perpetuação do problema, pelo menos do modo como já o conhecemos.


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