Thursday, May 29, 2008

Críticos, críticas e criticados - Parte II



"Indiana Jones and the Kingdom of the Cristal Skull" parece seguir um pouco a lógica de "Speed Racer" em relação às recepções de crítica e público, ou seja, gente endeusando e rebaixando. Pablo Villaça odiou o filme. Rubem Ewald Filho e o bonequinho do globo adoraram. Uma pesquisa de público elaborada em cinemas americanos mostrou resultados similares: satisfação e decepção, confirmando a teoria do comentário de 10 de maio.

Meu papo sobre este novo Indiana ficará para a próxima postagem. O foco, porém, permanece em Cannes, onde Fernando Meirelles recebeu algumas críticas duras por seu filme "Blindness", baseado no livro de José Saramago. O escritor também pôde conferir a adaptação em Portugal, na companhia de Fernando, e concedeu um aval mais favorável. Tocante, aliás. Não é comum ver um autor do calibre dele aprovando uma adaptação cinematográfica de sua obra como neste caso. Seria ela uma crítica definitiva?

Acompanhe o momento em que Saramago termina de assistir "Blindness".



Visto isso, tudo parece meio resolvido na opinião do internauta. Saramago, que não é qualquer "zé roela", mas o escritor vivo de língua portuguesa mais respeitado do mundo (cuja obra em questão recebe igual reverência na cabeça de críticos como os que detrataram Blindness), aprovar o filme soa como uma certificado definitivo de que a adaptação é boa e faz jus a seu livro, independente do que digam terceiros, certo? Pode ser. A palavra do mestre tem peso, mas lembremos de casos em que autores ficaram felizes com filmes flagrantemente ruins tirados de suas obras, ou da implicância de Stephen King com "O Iluminado" de Kubrick e a satisfação deste escritor com a versão seguinte de 1997, que ajudou a produzir. Para críticos e cinéfilos em geral, o filme de Stanley ganha fácil de seu irmão póstumo.

Tais situações geralmente ocorrem quando há interferência direta do escritor sobre a adaptação, o que não foi o caso de Saramago em Blindness, ou seja, mais um pontinho para Fernando.

O texto a seguir foi tirado do blog de Luiz Carlos Mertem e relata o mesmo instante mostrado no vídeo, mas com uma parte da conversa entre Meirelles e Saramago que não havia sido filmada.

"CANNES - Havia pedido a Fernando Meirelles que me desse notícias sobre a exibição de 'Blindness' (Ensaio sobre a Cegueira) para o escritor José Saramago, autor do livro, sábado em Lisboa. Abri há pouco meus e-mails e encontrei o relato do Fernando sobre o que ocorreu. Ele me disse que na internet já vazou como foi a sessão, mas acho que Fernando, generoso como sempre, não vai ficar brabo comigo - perdoem-me o gauchês - se eu repassar para vocês uma partezinha do seu e-mail. Retirei tudo o que havia de mais pessoal, como comentários que ele me faz, e me centro no fato, tal como o viveu. Vamos lá:
`O resumo da história é que apesar de ter feito uma projeção muito escura e com um som ruim, ao acabar a sessão o Saramago estava muito emocionado e nós dois ficamos nos esforçando para não chorarmos juntos. Ele enxugou uma lágrima e eu num impulso beijei-lhe a testa. Foi muito emocionante. Com a voz embargada ele me disse que ao acabar de assistir ao filme se sentia tão feliz quanto no dia em que terminou de escrever Ensaio Sobre a Cegueira. Não precisava ouvir
mais nada mas perguntei sua opinião sobre alguns cortes que eu quero fazer na locução. Ele me pediu para não mexer em nada. Disse que o filme está muito preciso, nada falta e não existem excessos ou pompa. Ele gostou da economia do filme, especialmente na cena final. Simples, sem tentar criar momentos espetaculares ou recursos para acentuar a
emoção.'
Depois de vários dias sob pressão aqui em Cannes, com críticas divergentes e até contraditórias, acho que agora o Fernando relaxou. Bom para ele."




Coming next: Uma resenha sobre o filme Indiana Jones and the Kingdom of the Cristal Skull. Aguarde.


Friday, May 16, 2008

Kill Bill, o re-retorno



Adivinhem o que achei lá no Blog do Bonequinho?

Texto de Rodrigo Fonseca:

CANNES - Convidado especial de Cannes, onde lecionará sobre seu processo de direção em uma aula magna, Quentin Tarantino acaba de anunciar seu novo projeto como realizador: filmar "Kill Bill - Volume 3". Tarantino, que fará sua palestra na Croisette na próxima quinta-feira saiu chamuscado após o fracasso do projeto "Grindhouse", no qual ele dirigiu o thriller rodoviário à prova de morte. Na terceira aventura da personagem A Noiva, Tarantino voltará a trabalhar com sua musa Uma Thurman.


Saturday, May 10, 2008

Críticos, críticas e criticados



Penso que a maior parte do público interessado em assistir filmes na cadeira de cinema "caga e anda" para os comentários da crítica especializada, antes ou depois de conferir uma atração. Estão errados? Faço parte do grupo dos que não resistem a um comentário de um Villaça, um Jabor ou um bonequinho do Globo quando nada sei sobre um espetáculo, e ainda que não confie cegamente nesses sujeitos, não os leve ao pé da letra e comumente discorde do que dizem, posso acabar inconscientemente transformando tais opiniões num ponto de partida perigoso antes de contatar a película. Minha pergunta é: Até onde vale à pena nos deixarmos influenciar pelo comentário de um crítico antes de ver um filme, especialmente se já pretendíamos ver este filme antes de ler o comentário? Em tais casos, talvez fosse melhor não ler nada sobre, pelo menos previamente, ou então procurar uma segunda ou terceira opinião. A quantidade e diversidade de espetáculos e informações oferecidas pelo mercado influencia muitos a se deixar levar pela primeira resenha elaborada com que se deparam, correndo o risco de cortar de suas listas um espetáculo que em muito os agradaria, antes mesmo de averiguar seriamente. Para estes, um recado: Cautela com os críticos, mesmo os bons. Subjetividade é universal.

Vejamos, por exemplo, o que duas de minhas fontes preferidas têm a dizer sobre a nova adaptação de Speed Racer dos irmãos Warchovsky.

Comentário do Globo

Comentário de Pablo Villaça


Friday, May 02, 2008

A ponta do dedo de um homem, um enorme passo para a humanidade

Cientistas da universidade de Pittsburg desenvolveram, à partir de bexiga de porco, um pó cuja finalidade e eficácia esboçam aquilo que pode ser o primeiro passo para a realização de um antigo sonho humano. Regenerar partes perdidas.

Lee Spievak, 69 anos, perdeu a ponta do dedo indicador ao tocar a hélice de um aeromodelo em movimento. Pelos processos naturais e métodos de cura conhecidos, seu membro só poderia cicatrizar, mantendo-se decepado. O irmão da vítima, que trabalhava no projeto do pó regenerador, usou Lee como cobaia e conseguiu fazer seu dedo ser competamente restituído em quatro semanas.

Façanhas como esta podem marcar o início de um processo revolucionário na medicina. Tecidos queimados e perdidos, ossos, partes de membros ou orgãos, ou - quem sabe? - orgãos inteiros regenerados no futuro. As forças armadas americanas já se interessam pelo projeto e pretendem usar o pó "mágico" em soldados que perderam as pontas dos dedos em ação.

A escalada rumo ao shangri-lá de nossos filmes de ficção científica será longa, porém possível e compensadora.



Enquanto isso, em Brasília, sorrisos emergem.


Charge por Lézio Junior


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