Sunday, November 30, 2008

Angústia 2D

Essa semana, passando pela banca de jornal, vejo a capa de uma revista onde o presidente eleito dos EUA, Barack Obama, aparece de costas durante um comício. Instintivamente, volto-me para as revistas penduradas do lado oposto daquele canto da banca, como que querendo ver o outro lado da foto, ou melhor, uma revista que mostrasse o rosto do presidente e aplacasse minha angústia 2D, completando aquele quadro inacabado. Pior que isso, só quando estreei nas arquibancadas do Maracanã e fiquei, por alguns segundos, esperando um replay espírita do gol do Flamengo.

Friday, November 28, 2008

Paul Volker, o homem que nos tirou uma década

Entenda como e porquê através deste comentário de Míriam Leitão efetuado na Rádio CBN.

Para acessar o blog de Míriam Leitão, clique aqui.


Friday, November 21, 2008

Os 10 horrores da sala de cinema



Pegarei carona em um dos memes recentemente postados por nosso colega Vulgo Dudu do blog Cinéfilo, Eu?.

O meme em questão consiste em apontar, na opinião do blogueiro, quais foram os 10 piores filmes por ele já vistos em sua história de espectador. Confesso: fazer uma lista dos 10 piores não é fácil. O número de abacaxis que trespassa meu raciocínio é infinito, e acaba sendo necessário criar algum parâmetro, mesmo que incoerente e ininteligivelmente subjetivo, para justificar as escolhas. Deixei de lado aqueles filmes inocentes, já feitos para ser uma porcaria, reconhecidos como tal e ganhar reprise no "Cinema em Casa". Refleti e conclui que optaria, entre tantas, pelas produções que mais me desapontaram, pelos mais pretensiosos (em alguns casos, até nocivos), por filmes que carregavam uma marca de time grande e jogaram como timinho, ou por casos em que meu horror ante a falta de qualidade foi tanto a ponto de não haver modo de não mencionar a causa, independentemente dos porquês ou de haver porquês. Meu principal parâmetro foi a experiência individual, emocional, inominável. Ainda assim, procurei colocar ao lado de cada escolhido, uma justificativa, o provável motivo que o fez constar em minha lista de traumas, decepções ou mero desprezo cinematográfico.


Seguem os 10 horrores:


1 - Independence Day - Um de meus primeiros mega-desapontamentos com o cinema de ação estadunidense. Devo lembrar que este filme foi lançado ainda no fim da minha adolescência, período em que meu olhar crítico para com Hollywood estava pouco desenvolvido. Pelos comerciais, eu esperava um novo Star Wars, algo grande que marcaria a história do gênero por décadas e me deparo com um roteiro com QI de ameba. "Vírus de computador"? Valha-me Deus! O cara desenvolve um virus em um computador "made in terra" para infectar um sistema de processamento de dados alienígena que ele nem conhece? E o Will Smith aprendendo a pilotar o caça alien em um minuto, simplesmente virando o papelzinho de cabeça para baixo? Independence Day não entrou para o currículo do gênero pela porta da frente como se esperava. Virou apenas um entre infindáveis "trash movies" involuntários de mau gosto e orçamento gigante que marcaram Hollywood.

2 - Pearl Harbor - Outro Trash da linha do Independence Day. Dessa vez, claro, eu estava mais vacinado quando em contato com o "virus". Pearl harbor é uma tentativa patética de juntar a fórmula "high budget - mela cueca" de "Titanic" com a receita patriótico-mitológica de produções como "Resgate do Soldado Ryan". O resultado é bizonho. Um filme careta, idiota, com personagens cheios de certezas burras e frases feitas como se pudessem, a cada momento, sintetizar o drama de situações complexíssimas com meia dúzia de palavras. Cinema reducionista em seu estado bruto, Pearl Harbor é uma das grandes decepções da história da sétima arte. Algumas cenas de ação até chegam a ensaiar algo empolgante, mas depois frustram, descambando para uma inverossimilhança demasiadamente forçada e maniqueísta.

3 - As Panteras Detonando - Seu predecessor, "As Panteras", encabeçou a primeira leva dos "Filhotes de Matrix" que dominariam uma parte significtiva do gênero ação nos anos seguintes, um "cinema-videogame" photoshpado onde tudo é possível aos indivíduos de carne e osso graças às maravilhas da virtualidade no mundo real. "As Panteras" pelo menos funciona dentro de seu nicho, algo que definitivamente não ocorre com "As Panteras Detonando", que, de tão ruim, decepcionou até os fãs mais xiitas do trio. McG era diretor de comerciais e videoclipes quando engrenou com "As Panteras", e parece ter se empolgado com o sucesso do projeto ao ponto permitir alçar "vôos mais criativos". O resultado é um videoclipe de quinta categoria com uma hora e meia de duração. Haja saco!

4 - Dungeons and Dragons - É quase inacreditável que alguém do calibre de Jeremy Irons tenha aceitado integrar um projeto tão grotesco em sua essência. Dungeons and Dragons sintetiza o outro extremo do que pode acontecer quando os "conhecimentos secretos" da computação gráfica são concedidos aos despreparados. Se de um lado temos uma geração de bizarrices pseudo-épicas com delírios de grandeza e efeitos especiais de milhões de dólares que mais fazem rir do que outra coisa, do outro, seus primos pobres (e põe pobre nisso) nos deleitam com peças de ginásio mal filmadas e editadas no PC do vizinho. Dungeons and Dragons gera náusea até em jogos de Playstation 2, de tão mal-feito que é. Os personagens são estereótipos de estereótipos. Aliás, o Shorty, de "Todo Mundo em Pânico", faz um bardo blackstyle nesse filme.

5 - Romeu tem que Morrer - Um Filhote de Matrix que nasceu paralítico. Não sei se deveria colocar este filme na lista, pois mal consegui assistí-lo na íntegra e minha memória fez questão de apagar algumas partes - talvez um mecanismo inconsciente de proteção contra traumas cinematográficos. "Romeu tem que Morrer" pertence à mesma categoria de "As Panteras Detonando" em todos os sentidos, e muito do que foi dito sobre uma "pérola" vale para a outra.


6 - O Imperio do Besteirol Contra Ataca - Kevin Smith ganhou nome no cinema com filmes de baixo custo sustentados por roteiros ácidos, sagazes e originais. O sucesso lhe rendeu atenção do mercado e, conseqüentemente, grana para produções onde pudesse ousar sem grilos orçamentários. "O Império do Besteirol Contra-Ataca" deveria celebrar o trabalho do diretor e o legado de seus dois principais personagens Jay e Silent Bob, que integram quase todos os filmes de Smith. Infelizmente, o cara se empolgou com o melado e se lambuzou. Quis juntar todos os atores importantes de seus outros filmes, ressuscitar ídolos de infância esquecidos por Hollywood (leia-se Carrie Fischer e Mark Hammil), abusar de suas fantasias de adolescente tarado na elaboração do roteiro e entremear tudo com uma trama até promissora, mas muito mal desenvolvida. Exagerou nas bobagens e perversões, esquecendo-se do contraponto que as tornava interessantes em trabalhos anteriores: as falas e situações inteligentes. Smith errou feio até com seus Jay e Silent Bob, aqui uma sombra do que sempre foram como personagens.

7 - Bad Boys II - Michael Bay merece uma menção honrosa, pois dirigiu dois dos dez piores filmes expostos nesta lista. Bad Boys (o primeiro) talvez seja o único bom trabalho em que esteve envolvido. Um blockbuster de ação sustentado, entre outras coisas, pela química dos dois personagens principais e pelas situações inusitadas em que eles se envolvem enquanto arriscam a pele entre explosões e frenesi. Eis o segredo do filme, misturar na dose certa a leveza com a porrada, a comédia, o absurdo e os momentos de tensão real. Bad Boys II não faz jus a nada disso. É um filme estúpido desde o começo, narcisista, mórbido, racista e exageradamente escatológico nas falas e situações. A história não faz sentido. Os personagens são insensíveis e grossos ao extremo. Marcus e Mike perderam toda aquela sutileza de caráter que os tornava interessantes e engraçados. Viraram estereótipos "gangsta rap" da pior espécie. O filme, aliás, é um ode à escrotidão, nos personagens, no roteiro e nas mensagens subliminares que emite ao público. Michael Bay aqui nos dá uma aula de como estragar uma franquia de sucesso.

8 - Fomos Heróis - Se pararmos para pensar, notaremos que o título em português deste longa carrega um equívoco, pois seu nome original (We Were Soldiers) está relacionado àquilo que deveria ser a essência do filme, mostrar os combatentes americanos no Vietnã como soldados no cumprimento do dever, em vez de heróis ou assassinos. Se pararmos para pensar um pouco mais, veremos que, em termos práticos, "Fomos Heróis" faz mais jus ao nome brasileiro que ao americano, exatamente por mergulhar de cabeça na onda "pró-guerra politicamente correta supostamente realista" dominante em Hollywood desde "O Resgate do Soldado Ryan". Esta pérola da pieguice está anos luz aquém do trabalho de Spielberg. É repetitiva, abusa da câmera lenta, dramatiza em excesso seus "momentos chave" e exagera na quantidade deles. Erra na dosagem dos ingredientes e é simplista quando relaciona os personagens com as variáveis morais e políticas da guerra. Irônico, aliás, que "Fomos Heróis" seja apontado por muitos veteranos do Vietnã como o filme mais realista já feito sobre esse tema, apesar das pesadas crítica que recebeu, ao contrário de "Apocalypse Now", unanimidade entre cinéfilos, mas não entre ex-combatentes, que o consideram fantasioso e inverossímil. Como estou mais para cinéfilo que para veterano, fico com a complexidade de "Apocalipse Now" e dou uma banana para "Fomos Heróis".

9 - Joanna D´Arc - O grande problema desse filme tem um nome. Milla Jovovich. Tudo bem que Luc Besson também está longe de constar na minha lista de diretores favoritos, mas tivesse ele escolhido uma atriz com o peso que a protagonista pedia, este filme não seria, de longe, o abacaxi que é. De que adianta chamar Dustin Hoffman, John Malkovic e Faye Dunnaway, se o papel principal, da personagem que é a marca do filme, da moça que na idade média inspiraria hordas de brucutus a lutar pela pátria e vencer, cai nas mãos da protegidinha do diretor, do bibelô que ele tá comendo, da songa monga sem um pingo de expressividade que mais parece uma princesa em apuros no meio dos soldados que deveria liderar e inspirar? O peso dos coadjuvantes acaba por ofuscá-la mais, e também à essência do filme, pautada na força de sua personagem chave.

10 - Street Fighter - Não é raro ver os americanos tomando chocolate dos japoneses na hora de adaptar jogos de videogame para as telas do cinema e da TV. Se compararmos a série animada nipônica, ou o longa oriundo desta série com os desenhos Street Fighter americanos ou o filme estrelado por Van Damme, percebemos o quão grande pode ser a diferença de competência entre quem leva a serio o que faz e quem não leva. A série japonesa era maduríssima e rica na elaboração de seus personagens e tramas enquanto o filme e o desenho americano se reduziam a estórias bobas, infantis e personagens superficiais. Para piorar, Street Fighter foi feito antes da era da computação gráfica, o que expôs ainda mais a mediocridade do projeto, que, de tão ruim, toma pau feio do irmão lançado três anos depois, Mortal Kombat.


Menções honrosas, já justificadas, para Os Espartalhões e seus derivados, e também para os Batmans de Joel Schumacher.




Saturday, November 15, 2008

Amiga da Onça


Depois das porradas, o cinismo. Sarah Palin atacou Barack Obama de tudo quanto é jeito em sua campanha. Associou-o ao terrorismo, ao socialismo, à William Ayers e um monte de gente considerada perigosa pela ala paranoica do povo americano, e isso sem jamais exibir provas para suas alegações. Agora o cara está lá, na Casa Branca, e todo mundo vira amiguinho, todo mundo vem puxar o saco, não é Sarah?

Segue o texto retirado do Site Globo.com


Sarah Palin se diz 'muito otimista' com futuro governo Obama

'Este é um momento histórico para o nosso país', disse ela.

A ex-candidata republicana à vice-presidência dos Estados Unidos e atual governadora do Alasca, Sarah Palin, se disse animada com a futura administração do democrata Barack Obama, durante uma entrevista concedida nesta quarta-feira (12).

"Estou muito otimista. Este é um momento histórico para o nosso país", afirmou Palin, durante um encontro de governadores republicanos em Miami.

"Os americanos vão estar unidos, democratas e republicanos, trabalhando atrás do novo presidente pelo progresso do país", afirmou.


Sunday, November 09, 2008

Muito pior que um besteirol americano



Jason Friedberg e Aaron Seltzer são dois diretores e roteiristas de comédia cujas maiores influências, imagino, devem estar naqueles nonsenses que marcaram época no cinema americano dos anos oitenta, trabalhos de Jim Abrams, David Zucker, como Top Gang, Aperte os Cintos que o Piloto Sumiu, ou Corra que a Polícia vem aí, uma linha, aliás, derivada de um estilo cômico desenvolvido na Grã-Bretanha em meados de 70 por gênios como o pessoal do Monty Python Flying Circus. Seus filhotes oitentistas americanóides nasceram com o selo Hollywood do fast delivery e da cultura de massa que demanda piadas de entendimento fácil, instantâneo, sem rodeios verborrágicos, reflexões ou referências de cunho erudito. Ainda assim, apresentavam uma qualidade apreciável que, pelo menos até certo ponto, justificava a paternidade. Décadas transcorreram e uma nova geração de roteiristas e diretores assumiu o poder da máquina, uma geração que aprendeu a fazer graça com Abrams e Zucker, mas também com o Saturday Night Live, em seus altos e baixos, e, mais recentemente, com o não tão criativo Mad TV, entre outras bobagens de igual calão. Friedberg e Seltzer estão nesse grupo, as cópias das cópias das cópias (e, lembremos, falo aqui de gravação analógica, como nas fitas cassete, em que uma parte da qualidade se perde durante o processo), o eco do eco do eco, a reverberação difusa, careta e inofensiva do que um dia foi iconoclastia de gente grande. Se os Pythons procuravam na filosofia, na política e na história as referências geradoras para seu material, "gênios" como Friedberg e Seltzer têm na MTV, Reality Shows, comerciais e sitcoms de baixa qualidade, a principal inspiração de suas piadas. Duro de Espiar, trabalho de estréia da dupla escrevendo, não chega a ser ruim. Bem abaixo dos grandes sucessos de Leslie Nilsen, é verdade, mas ainda capaz de arrancar risadas (minhas, pelo menos). Depois disso, os dois tiveram a chance de aprender algo (seria possível?) integrando o time de roteiristas de "Todo Mundo em Pânico 1 e 2", outros netos bizonhos da geração Python, filmes que determinariam o modus-operandi da próxima "dinastia nonsense parodia" em Hollywood. O pior disso tudo é que nem igualar o nível destes dois filmes este pessoal tem conseguido. As seqüências da franquia são inócuas, ainda que uma delas contasse com a participação de Zucker, hoje uma sombra do que foi no passado. Os trabalhos subseqüentes da dupla Alka Seltzer/Friedberg (dessa vez escrevendo e dirigindo) são uma piada pronta onde a graça está na incompetência da dupla, que, como outros de sua estirpe, acha que fazer comédia é juntar um punhado de referenciais pop e expor sua ridicularidade essencial à ridicularidade cômica pelo método infanto-pastelão. O problema ocorre quando constatamos que a ridicularidade da paródia pertence à mesma árvore genealógica da ridicularidade a ser parodiada, ou seja, lixo lixificado a uma audiência nascida do dejeto, a nadificação do nada para ninguém ver. Não há vestígio de inteligência, criatividade, originalidade ou bom senso no mecanismo cômico de Os Espartalhões, Date Movie, Disaster Movie e outros tantos blockbusters-paródia sem sustância, sem razão de ser, sem algo que justifique sua existência como filme. São a versão nonsense dos "Gigolôs Americanos" e "Norbits" da vida. E não me venham os porta-vozes do cinema decerebrado defender esses filmes como diversão despretensiosa. Despretensioso era Porkys, Última Despedida de Solteiro, Eu, Eu Mesmo e Irene, Debi & Loide... As produções sobre as quais escrevo estão aquém do despretensioso, aquém do decerebrado, do besteirol, da diversão fugaz, são a derradeira distorção dos fundamentos da sátira e da paródia. Se a paródia visa profanar a aura intocável de um ícone, temos aqui a profanação do próprio papel da paródia, e, de certo modo, a relegitimização do mecanismo que ela pretendia atacar e do falso ícone que ela deveria expor.



Por essas e outras, na hora de escolher entre comédias pós-modernas, fico com outras correntes, com os "despretensiosos" mais sagazes, com a galera do Superbad ou do Tropic Thunder, que sabe ser criativa e fazer jus a seus antecessores, mesmo quando quer sacaneá-los.

Monday, November 03, 2008

GP Brasil (2) - O "quase mico" de Galvão Bueno

Eu bem que achei estranho o Galvão Bueno ter percebido a presença de Timo Glock entre os supostos "retardatários". Confesso que eu não tinha visto o piloto alemão na hora, e só soube através da voz de nosso querido locutor. "E não é que o Galvão estava mais atento que eu?", indaguei-me, "Isso nunca acontece". Revendo a transmissão da Globo pelo youtube, as coisas voltaram a fazer sentido, pois foi Luciano Burti quem viu o carro do Timo Glock sendo ultrapassado por Lewis Hamilton, e se dependesse do incrível senso de atenção de Galvão Bueno, ele teria protagonizado o mico do ano, narrando o título de Felipe Massa em rede nacional.

Parabéns, Burti, por salvar a pele de seu colega.


Sunday, November 02, 2008

GP Brasil (1) - A volta do "Inconformado"

Para quem estava com saudades daquele cara que gritava para a câmera tudo o que muito fã da Formula-1 queria dizer para o Barrichello, mas não podia, ele voltou. E tem mais um recado para nosso Barrica, emitido dias antes do GP Brasil de 2008.