Sunday, August 01, 2010

Sobre GI JOE, The rise of the cobra (e Scarlet)



Escrevi há quase um ano nesse blog que provavelmente detestaria o filme GI JOE, The Rise of The Cobra quando o conferisse. Bom... hoje tive a oportunidade de assistí-lo e não pude ver até o final, mas vi o suficiente para poder dizer algo sobre, e, surpreendentemente, estive longe de odiar a bagaça. Digo, não é nenhum grande filme com um grande roteiro ou qualquer coisa que chegue perto de impressionar minha razão ou sensibilidade, ou sequer nivelar com a paixão que eu tinha por esses bonecos na infância. É sim um típico filme video-game cuja única razão de ser reside em deslumbrar o espectador com CGI e elementos fetichistas. O trailer e os realizadores nunca nos quiseram fazer pensar outra coisa.

O que me agradou foi ver que, em alta definição, o lusco-fusco videoclíptico consegue agradar mais do que imaginei que agradaria.



Tudo bem que há cenas muito, muito patéticas, como a da perseguição de carros e armaduras acelerantes em Paris, onde a computação gráfica concede tons risíveis e uma completa falta de peso à ação, mas, no geral, ou pelo menos até onde vi, o "Blue Ray" da parada é apreciável. Se você desligar o cérebro, esquecer o roteiro, o senso e cagar para muitas das atuações, talvez possa curtir alguma coisa no filme. Mas, em se tratando de GI JOE, minha opinião é sempre suspeita, principalmente considerando meu nível de deslumbramento com o visual de Rachel Nichols, estonteante demais na pele de Scarlett, que, a mim, pelo menos, rouba cada cena em que aparece sem precisar fazer qualquer coisa senão existir.



E, sim, sou super idôneo nessa minha análise, super idoneamente apaixonado pela personagem e pelo visual que Rachel Nichols lhe concedeu. A atriz nem é isso tudo na vida real. Morena, magrinha, tão bonita quanto qualquer outra modelo semi-anoréxica que migra para Hollywood e depois desaparece, mas, no filme, em HD, a ruiva é tudo e mais um pouco. O longa é um videoclipe agradável e assumidão, quando visto em Blue Ray, ou talvez eu esperasse tão pouco, que me surpreendi positivamente, ou talvez ainda não tenha me acostumado à nova tecnologia a ponto de escapar de seus efeitos infanto-hipnótico-distorçantes de brinquedo novo (como quando a criança assiste a seus primeiros filmes).

Não, nada disso, aquela marvada da Scarlett deve ter é me hipnotizado, como a Jessica Biel em Blade Trinity (que não precisa de Blue Ray para ser melhor que GI JOE). Não adianta. Fico desnorteado com essas delícias correndo, pulando, rolando, chutando e fazendo pose em seus apertadíssimos trajes de combate (à minha sensatez). A Siena Miller como Baronesa não me pareceu uma escolha tão boa. Gata, linda, com presença em cena, mas pouco a ver com a personagem, que seria algo como uma MILF do mal, diria um colega. Uma Sarah Palin sarada em couro.



Se um dia tiver saco, tento fazer uma resenha coerente sobre o filme. O desenvolvimento dos personagens e a relação com a trama original é zero, como muitos outros elementos relativos ao "conteúdo" da película. Mas, convenhamos, GI JOE The Rise of the Cobra não é filme para quem procura conteúdo.

Thursday, June 10, 2010

Pitboys do meu Brasil

Felipe Neto, dono no blog Controle Remoto, tem também dois videologs no youtube. Um deles, o "Não faz sentido" é dedicado aos costumes da juventude atual. O último vídeo de Felipe elocubra a respeito de uma espécie que todo brasileiro conhece. Mais precisamente, a vertente carioca porradeira dessa espécie, O Pitboy.



Ainda acho que o video dele sobre sedução e cantadas é o melhor do pacote, mas o texto sobre Crepúsculo no Blog permanece dando chocolate nos videos.

Tuesday, June 08, 2010

O Efeito Barrichello



É possível que uma das melhores coisas feitas por Rubens Barrichello em prol da Formula-1 tenha sido deixar Schumacher passá-lo na reta final do GP da Áustria de 2002, em vez de tentar, por exemplo, vencer o GP, desobedecendo a equipe, como tanto queriam os torcedores.

Por que? Chego lá em breve.

Voltando à 2010, todo mundo viu que Lewis Hamilton, apesar de ter vencido o GP da Turquia, não comemorou como de costume, estava meio sério, bronqueado, e desconfiou-se que seria um problema com a equipe, que lhe teria pedido para economizar combustível, ao passo que Jenson Button, logo atrás, se aproveitara da situação, gerando o duelo entre os dois que foi o ponto alto da corrida.

Hoje saiu a notícia no site Grande Prêmio confirmando a suspeita. O video oficial da prova mostra claramente a conversa pelo rádio entre Lewis e seu engenheiro logo após o a batida das duas Red Bulls. Segue o conteúdo da conversa de acordo com a fonte:

"Logo após o acidente das Red Bull, a equipe inglesa mandou Lewis economizar combustível, alegando que “os outros carros estavam fazendo o mesmo”. Hamilton acatou, mas percebeu que Button se aproximava perigosamente a cada volta. “Jenson está chegando perto de mim. Se eu recuar, Jenson vai me passar ou não?”, indagou o inglês. Como resposta ouviu um “Não, Lewis, não”, do time.

Como se sabe, não foi o que aconteceu. Button conseguiu a ultrapassagem, o que obrigou Hamilton a ter de retomar a liderança. Não ficou claro, contudo, se Button tinha conhecimento das instruções de não passar Hamilton."



Pois é. A épica briga entre os dois que será (ou seria, não sei) lembrada como um dos melhores momentos de 2010 e da F-1 contemporânea, um exemplo de equipe com espírito esportivo que deixa seus pilotos lutarem pela vitória com respeito, pilotos estes aguerridos mas cavalheiros, tudo isso só aconteceu porque o time deu mole. Não foi claro na hora de dar as ordens a seus pupilos. Talvez Jenson não a tenha recebido, ou talvez tivessem também lhe pedido para economizar e ele deu uma de João sem Braço, ou o engenheiro dele ficou quietinho quando não deveria... Alguem pode perguntar se de repente a McLaren estaria favorecendo Button na encolha enquanto a RedBull teria a mesma estratégia a favor de Vettel. Minha respota: Não creio. Meu palpite para esses dois "mal-entendidos" é outro, e tem a ver com o Efeito Barrichello do primeiro parágrafo. As equipes têm medo de dar ordens claras a seus pilotos de que não devem ultrapassar o companheiro ou dicas óbvias de que Joãoznho não será ultrapassado ou deve deixar Manuel vencer pelo bem do campeonato. Quando um time, como no caso da Mclaren e talvez da própria RedBull ao pedir que Webber corresse em modo econômico, não quer correr o risco de ver seus dois pilotos batendo em função de uma briga por posição ou pela liderança, ela não diz "Button, mude para o modo econômico e não ultrapasse Lewis Hamilton, repito, você não pode ultrapassar Lewis!". Por que? Porque se fizer isso, corre o risco dos comissários da FIA a punirem por atentado contra a esportividade.



Desde a atitude de Rubinho em 2002, é oficialmente proibido, especialmente se os dois pilotos têm chances claras ao título, de se impedir que dois companheiros de equipe lutem por uma posição. Extra-oficialmente, a FIA pode fazer vista grossa, desde que a comunicação pelo rádio dê a entender que a intenção do time era poupar material, evitar desgastes desnecessários ao final da corrida, etc. Uma equipe que não quer que seus pilotos batam lutando por posição ou sacrifiquem pneu, carro, motor, combustível, etc, não pode simplesmente dizer "Não ultrapassem!". Tem que dizer "Economize motor! Poupe combustível, os outros estão poupando! Poupe os Pneus! Tragam as crianças para casa!" , o que abre brechas para uma infinidade de mal-entendidos e más-intenções por parte de engenheiros ou pilotos que queiram se aproveitar da situação. Não sei se Button foi mal informado ou quis dar uma de João sem braço, mas se Hamilton não tivesse recuperado a posição de cara e Button não lhe permitisse fazer isso depois, Lewis poderia ficar emburrado à vontade, mas pouco teria a declarar em sua defesa. Sair no microfone alegando que a equipe lhe garantiu que não seria ultrapassado? Nem pensar. Mesmo com a prova óbvia na comunicação de rádio (Hamilton forçou o engenheiro a dizer que ele não perderia posição, porque até então o engenheiro não lhe havia dado garantia alguma. No máximo, "deu a entender"). Lewis seria acusado de anti-desportivismo, ficaria em maus lençóis com o chefe e por aí vai. Lembremos que a briga dele com Alonso em 2007 só aconteceu depois de um GP de Mônaco onde a imprensa inglesa pressionou a FIA a botar a McLaren na parede por não ter deixado o britânico brigar pela vitória com o companheiro. Abriu-se a brecha para que Hamilton pudesse, de fato, enfrentar Alonso, que, no fundo, era o que muita gente na equipe queria.



A solução: Bom... talvez uns códigos tipo "Lewis, a galinha azul foi para a primeira base!", que significa, "Não ultrapasse Button, sob qualquer hipótese. Ou, "Button, a rebimboca da parafuseta ao lado do cabeçote está frouxa", leia-se: "Deixe Lewis passar for the championship. For the championship, Jenson!"

Pois é. Fica a prova de que, se dependesse da espontaneidade da corrida, Webber teria segurado Vettel, Hamilton e Button até o final, nessa ordem, sem nenhuma ultrapassagem no pelotão dianteiro, a não ser que o piloto da frente errasse, independente dos esforços de quem vinha atrás. Agradeçamos ao Mago da Formula-1, Herman Tilke, por seus autódromos lindos e muito seguros.

E tem gente que ainda preferia que Rubinho tivesse "ignorado as ordens da equipe, segurando Schumacher!". Valeu Barrica, pelos serviços prestados ao esporte

A ironia: Jean Todd é, desde 2009, presidente da FIA.

Monday, May 31, 2010

GP da Turquia - Comentários



Não. Esse não é um blog sobre Formula-1. Eu pretendia postar um texto que publiquei na revista Sina, mas, por varios motivos, não o fiz. Ficam então dois textos "quase seguidos" sobre formula-1. Na copa, o assunto será mesmo futebol, como em 2006, em que teci várias reflexões sobre os jogos da copa.

Agora, falando da corrida, pode-se dizer que ela foi boa e que poderia ter sido muito melhor se a pista de Istambul permitisse. Não é uma pista ruim. Tem um traçado de curvas alternadas de alta que permitem brigas mas não permitem ultrapassagens, que deveriam ocorrer, em sua maioria, na reta dos boxes, se essa tivesse um tamanho adequado. O piloto vem colado numa sequencia de curvas, mas não tem reta suficiente para pegar o vácuo. Talvez numa outra Formula-1 menos aerodinamicamente dependente, isso não fosse problema, mas na atual é. Se os dois carros brigando por posição têm desempenho parecido, o que está atrás tem grande desvantagem e só passa se o da frente errar ou se forçar demais e tiver muita sorte. Com isso, beneficiam-se os conservadores. Lewis Hamilton não foi conservador nas voltas em que tentou fazer milagre para passar Webber onde não podia, mas só ganhou posição mesmo com o erro da ousadia alheia, ou seja, bem ou mal, a corrida premiou mais quem espera do que quem tenta. Ironicamente, Hamilton, que sempre tenta, se deu bem mesmo quando esperou.



Vettel foi para cima, talvez com um pingo de precipitação, mas a culpa pelo acidente dele com Webber foi mais da própria pista do que do alemão. Parece idiota dizer isso, mas ser sábio, inteligente, conservador, para Vettel, segundo a imprensa que o está criticando, seria passar a corrida inteira atrás do companheiro de equipe, porque se Webber não quisesse e não errasse, Vettel jamais acharia uma brecha para passá-lo sem forçar a barra. E forçar a barra seria fazer como fez, arriscando a corrida de ambos. Numa pista como Montreal, por exemplo, haveria trechos para ultrapassagens mais seguras. Em Istambul, se os dois carros estão em condições parecidas, só se passa é "na marra" mesmo.




Hamilton e Button protagonizaram outro ponto alto da prova quando o atual campeão do mundo conseguiu descolar um espaço e brilhantemente ultrapassar o companheiro, aproveitando-se da tomada da curva seguinte, mas Hamilton foi Hamilton e botou por dentro na mini-reta dos boxes enquanto Button recobrava o equilíbrio perdido em função da ultrapassagem. Falhasse nessa tentativa e talvez não tivesse outra chance.


Aliás, vi um Button ousado hoje, decidido contra Schumacher e sem medo de partir para cima do companheiro Lewis. Não fosse o problema de combustível, teríamos mais brigas entre os dois.




A imprensa já está malhando Vettel e malhando a Red Bull por sua postura competitiva de deixar os pilotos brigarem livremente. "Certa é a ferrari, que manda levar as crianças para casa", já dizem alguns. Fizessem assim a Reb Bull e a Mclaren, e teríamos hoje mais uma corrida chata no pelotão dianteiro. Bom para equipe, agir como a Ferrari? Claro, como também era bom fazer o que fazia em 2002, quando Schumacher tinha que chegar sempre na frente de Rubinho. Para equipe é sempre melhor que exista uma ordem e, em alguns casos, até ter um piloto mais fraco para não interferir no piloto principal. Mas isso, como já vimos em anos anteriores, acaba com a competitividade da categoria, que hoje, mais do que em outras épocas, precisa do máximo de brechas possíveis para que existam disputas. Nos anos 70, não era problema, haver essa ordem, porque o equilíbrio entre os times e as possibilidades de ultrapassagem eram bem maiores.



Vettel errou sim em forçar a barra, mas o traçado de Istambul o induziu a isso, como praticamente obrigou Alonso a furar o pneu de Petrov para superá-lo. Essa temporada 2010 vem premiando mais os conservadores que os ousados e espero que agora, passada a temporada dos Tilkodromos e entrando nas pistas mais tradicionais, a coisa mude um pouco de figura. Montreal é uma pista ótima, com muitos pontos de ultrapassagem, então, pelo menos nesse quesito, podemos ter uma evolução daqui a duas semanas.

E que a Red Bull esqueça os clamores dos "entendidos" e mantenha sua postura liberal com os pilotos, pelo menos enquanto ambos tiverem chances claras de brigar pelo título.




No meu modo de ver, na disputa com Webber, Vettel quis fazer o que Hamilton fazia em seus primeiros anos de Formula-1. Uma vez que botou de lado, sentiu-se com a preferência e deu uma triscada para a direita a fim de fazer Webber tirar o carro do traçado principal e, com isso, não pegar a parte suja da pista para frear. Em muitas ocasiões, o piloto que vem por fora, percebendo a inevitabilidade da situação, "cede", ou seja, dá a tangência da curva para o que vem de dentro, contorna por fora e diminui a velocidade, cavalheiristicamente, admitindo ter sido ultrapasado. Webber, já puto porque Vettel resolveu passá-lo justamente na volta em que a equipe lhe pediu que pilotasse no modo "econômico" para não gastar combustível, não deu essa colher de chá. Manteve seu traçado e deixou a parte suja da pista para Vettel, como se dissesse: "Cê botou o carro aí, fio, então te vira pião!" Não fez nada que o regulamento não permitisse e, portanto, pode-se dizer que Vettel se precipitou em sua manobra. Mesmo assim, o grande problema não foi ele, mas o próprio circuito de Istambul, pelas razões já mencionadas.




obs: 90% desse texto foi escrito ontem, então, houve algumas pequenas atualizações nos noticiários de ontem para hoje. Se houver tempo, escrevo algumas complementações sobre o assunto. O Flavio Gomes escreveu hoje levando em consideração as informações liberadas na imprensa após a corrida.

Sunday, May 30, 2010

A vida depois de Lost - Parte I


Não sei se quem lê esse blog sabe que sou fã da série Lost, um dos maiores fenômenos da TV contemporânea. Seis temporadas, alguns fãs satisfeitos, outros meio aqui e meio ali e outros bem putos pela falta de resposta, alegando que os roteiristas apelaram para o lado emocional do espectador a fim de suavizar os buracos de roteiro que não poderiam resolver. Bom... não direi que fiquei completamente satisfeito. Gostei da série, detestei alguns detalhes e alguns pontos mal resolvidos, erros de roteiro, mas série americana é realmente complicada. Troca-se roteirista no meio, ator entra e sai, coloca-se idéias que instigam os espectadores e não se sabe o que fazer com elas depois, roteiro cresce demais e tem que ser resolvido em alguns poucos episódios que mal podem abarcar a complexidade e as espectativas da trama... Terminada a sexta temporada, pretendo tecer alguns comentários sobre a série e postar links, videos e textos com opinões de outros Lostmaníacos ou gente mais diretamente ligada ao programa. O episódio 1 de A vida depois de Lost chama atenção para um link do blog Melhores do Mundo, onde os caras lá debatem por uma hora sobre o que fez e o que não fez sentido no seriado. Vale a pena. Mal senti o tempo passar. Concordei com algumas das reflexões que fizeram e discordei de outras. Acho que algumas das respostas "perdidas" são decifráveis se analisarmos episódios anteriores da série, pois nem todas as respostas foram dadas de mão beijada. Para ouvir o podcast, basta acionar o video abaixo.


Tuesday, May 18, 2010

Bandeira verde de mentirinha



Tudo leva a crer que muita gente não conhecia direito as modificações recentes do artigo 40 das regras da FIA. Quando os computadores anunciaram "safety car in this lap" (o carro de segurança sai nessa volta) para o final da última volta, muitos pilotos e chefes de equipe acharam que a corrida valeria normalmente em seus ultimos metros, como numa relargada normal, e que transposta a linha do safety car, que não é a linha de chegada, mas outra, colocada na última curva, qualquer ultrapassagem até a linha de chegada seria válida. Muito engenheiro alertou piloto a ficar alerta nesses ultimos metros. Os pilotos ficaram, e aceleraram. Fernando Alonso perdeu a tangência e Schumacher passou. Só que a saída so safety car na última volta é um procedimento normal para qualquer corrida que terminar em bandeira amarela, assim como o sinal verde e as bandeiras verdes nos ultimos metros. São ilustrativas, para fingir que a corrida terminou como corrida e ficar diferente da Formula-Indy, ou seja, as regras de bandeira verde não existem nesse caso. A amarela só finge que sai. Não existe "safety car in this lap" na volta final. Essa palhaçada decorativa e desnecessária confundiu todo mundo, equipes e pilotos. No fim, Michael Schumacher foi punido pela ignorância da Mercedes e estupidez de quem elabora as regras. Detalhes sobre essa questão você encontra no Blog do Vidal.



De mais, corrida chata, sem ultrapassagens, o que não seria tão anormal, tratando-se de Mônaco. Mas quase todas as etapas no seco até agora confirmaram minhas suspeitas do GP do Bahrein, de que muitas das novas regras só pioraram a Formula-1. A qualificação se torna mais decisiva do que nunca e Mark Webber tem sido ultimamente mais rápido que Sebastian Vettel nessas sessões. Se a equipe tivesse um carro fraco ou razoável, acho que Vettel teria vantagem, por suas qualidades de tirar leite de pedra, mas com um chassis bom e equilibrado, Webber vem conseguindo andar tão bem ou melhor que o companheiro, surpreendendo muita gente, inclusive a mim. Ano passado ele chegou a ensaiar uma rivalidade com Vettel na equipe, mas depois desmilingüiu. Esse ano fez más qualificações no início da temporada enquanto o parceiro largava bem na frente, tomou um passão do companheiro na única pole que fez antes do GP da Espanha, mas de lá para cá, manteve a regularidade, e, com pista limpa, sabe ser rápido. Continuando assim, é seríssimo candidato ao título (já é, na verdade, pois lidera o campeonato).

Thursday, May 13, 2010

Gladiador - O Retorno

Alguém chegou no ouvido do Ridley Scott e sussurrou: "Aí, brou, por que tu não faz uma seqüência do Gladiador?", no que Scott respondeu: "Mas o gladiador morreu e um outro personagem-protagonista talvez não cole. A galera quer ver Russell Crowe na tela."
"Tem problema não", redarguiu o alguém. "A gente muda o nome do personagem, chama ele de volta no mesmo papel com outro nome, em outra época, com outro velhinho conselheiro, e todo mundo fica feliz."
"Eu fiquei", disse Ridley.



"Ah, e não esquece da carente apaixonada e do inimigo mimado e pentelho, viu?"

Wednesday, May 12, 2010

Tabus Idiotas - Parte II



Sobre a convocação de Dunga ontem, acho que já me pronunciei o suficiente no post Erros que Geram Erros, do dia 9 de fevereiro, quando a exclusão de Ronaldinho em detrimento do "sempre leal e guerreiro" Julio Baptista era fato anunciado. Gostei de Grafite no ataque em lugar de Adriano, que nunca funcionou no esquema do treinador. Grafite só fez um jogo pelo Brasil, mas se entrosou bem no ataque. Tomara que faça assim na copa.

Sobre Ganso e Neymar, fico um pouco com a torcida, um pouco com o técnico. Acho que devíamos ter pelo menos um meia armador criativo nessa copa além de Kaká. Ou Ganso, ou Ronaldinho. E ter uma data FIFA só no ano é outra sacanagem. Houvesse três, ou seja, três amistosos da seleção, os garotos do santos teriam grandes chances de ir à copa. Com uma só, vira risco convocar. Se bem que jogar mundial com esse time de operários também é um risco.


Tuesday, May 11, 2010

Rubinho tinha razão



Antes da temporada começar, algum reporter perguntou a Rubens Barrichello que conselho ele daria a Nico Rosberg, piloto recém empregado na equipe Mercedes, que teria como parceiro ninguém menos que Michael Schumacher, com quem Rubens dividiu a Ferrari por 6 frustrantes anos. A resposta do brasileiro veio na lata. "Sai daí!". Bastou para que Rubinho fosse chamado de rancoroso para baixo pela torcida e pelo próprio Nico, para quem a parceria com Schumi não significava uma promessa de problemas.

Campeonato começa, Schumi mal, Rosberg brigando pelo título, Schumi reclamando de um carro que não estava a seu feitio, a fábrica precisando escolher entre o legado de um multicampeão e o título de um jovem talento dentro do próprio time na hora de definir que especiaficações seguir para o upgrade de seu chassis, a estrear semana passada, em Barcelona. Resposta: Schumacher. A referência do automobilismo alemão recebeu um socorro da montadora, que adaptou o W01 a suas reclamações, ainda que Rosberg fosse o cara a disputar o campeonato. Resultado: Schumi melhorou sensivelmente em performance, passou a andar mais que o companheiro e fez uma ótima corrida no domingo, segurando Button brilhantemente por 40 voltas. Já Rosberg, que até a etapa anterior estava sempre entre os 6 primeiros, amargou um nono lugar na largada e o pelotão intermediário ao longo da corrida, ou seja, não foi só Schumi que ganhou com esse chassis renovado, Rosberg perdeu, e garanto que as preocupações em adaptar a evolução do projeto a suas requisições não serão as mesmas que a equipe teve e terá com Schumi que, mesmo não disputando o título, é um patrimonio da história automobilistica alemã e não seria deixado na mão numa situação como a que atravessava.

Hoje, Rosberg deve estar pensando, se lembrando, do sábio conselho de Rubens Barrichello.


Friday, May 07, 2010

Heather Morris, a ovelha branca de Beyoncé



O video acima é uma cena do Seriado Glee, que estreou ainda esse ano e já conta com uma enorme legião de fãs. A série é uma espécie de High School Musical às avessas. Não uma paródia exatamente, embora tenha lá seus momentos cômicos e meio surreais. A série em si difere em muitos pontos das tradicionais séries escolares-adolescentes, e lida de forma ligeiramente distinta com aqueles velhos sistemas hierárquicos juvenis de popularidade que todo espectador brasileiro, bem ou mal, já conhece.



Mas esse post não é sobre a série. É sobre a atriz e dançarina aí da foto, Heather Morris, cujo personagem, uma cheerleader chamada Britanny Woods, funciona como sidekick da antes vilã e atual "nem tanto" Quinn Fabray, e ainda carece de participações mais constantes no programa, visto que faz parte do segundo time, o que seria um pouco mais que elenco de apoio. Mas Morris já chamou atenção do público há muito tempo, e um de seus pontos altos na série foi a participação do vídeo, em que, ao lado de Chris Colfer (Kurt) e Jenna Ushkowitz (Tina), faz uma das dançarinas de Beyonce numa performance de Single Ladies.

O que muitos fãs de Glee não sabem é que a escolha de Morris para o trecho em questão não teve nada de casual. Antes de ser atriz, a loirinha posuda era dançarina e trabalhou para Beyoncé justamente nessa música. Morris gravou várias apresentações ao lado da diva em shows notórios como o Saturday Night Live por exemplo, mas não estava satisfeita com a carreira de dançarina e quis arriscar novos ares. Deixou o staff de bailarinos onde receberia altos cachês numa turné mundial com Beyoncé e arriscou tudo na carreira de atriz. Lembremos que nesse ponto ela não havia assinado com o elenco de Glee e nenhum outro. Apenas pagava um curso de teatro.

O youtube é cheio de apresentações de Single Ladies em que a loirinha dá o ar de sua graça. Um dos melhores vídeos existentes é esse aí de baixo.

Monday, May 03, 2010

Potência com imprudência

Flagrante de um motorista totalmente irresponsável "pilotando" seu carro na marginal.

Sunday, May 02, 2010

Amanda responde

Notícias do Front também está antenado nos dilemas de nosso público adolescente. Seguindo a onda do papo reto, apresentamos Amanda, que vai responder a todas aquelas perguntinhas mais complicadas que papai e mamãe podem não entender. Amanda entende. E responde. Episódio de hoje: Orgasmo feminino



Ok. Notícias do Front só pegou o vídeo e botou aqui. Mas vale a dica do link.

Wednesday, April 21, 2010

Água, abençoada água...



Há um mês, expressei neste blog minhas preocupações acerca da temporada 2010 de Formula-1, que poderia ser um campeonato disputado, mas de corridas chatas.

Bom, já se foram mais três etapas de lá para cá. A monotonia saiu de cena, tivemos duas provas emocionantes e outra que valeu a pena assistir. Fim das preocupações? Não exatamente. Como mencionei no outro post "Só espero que a coisa não fique ruim a ponto de precisarmos torcer para chover, se quisermos ver troca de posições na pista entre os pelotões dianteiros, digo, depois da primeira volta." Bom... choveu. Nas primeiras e decisivas voltas do GP da Austrália, na qualificação da Malásia, que nos propiciou carros velozes largando no pelotão de trás e correndo atrás do prejuízo, e em quase todo o GP da China.

Não me direi pessimista. É possível que o marasmo do Bahrein também se deva ao desconhecimento, pelas equipes, de como aproveitar o novo regulamento, além de, claro, o próprio traçado do circuito.

Torço para que tenhamos mais boas corridas, e também boas corridas no seco após um qualifying normal com os mais rápidos largando no pelotão da frente. Na Malásia, ainda deu para sentir que estava difícil ultrapassar. Massa passou Button no gargalo e Alonso, mesmo mais rápido, não conseguiu fazê-lo. Deixando de lado o talento incontestável do inglês, podia-se notar uma dificuldade muito grande de se achar e manter o vácuo quando duelando com um adversário que tinha um carro mais lento, mas não "tão" mais lento.

Xangai, com a pista molhada, foi outra história. Ultrapassagens para dar e vender e um show do cara que está tomando conta dessa temporada, ainda que não a lidere. Lewis Hamilton merece considerações a parte esse ano, e talvez em todos os anos que disputou, pela contribuição em tornar nossas corridas mais interessantes. 2007 não seria nem perto do que foi sem ele, pois, provavelmente, teríamos Alonso ganhando fácil o título e a Ferrari sem muitas chances de reação. 2008 seria uma disputa entre Massa e Haikkonen onde as ultrapassagens, na maior parte das vezes, se restringiriam aos pit-stops. Posso até estar errado nas especulações, mas não na constatação do que o estilo Hamilton de dirigir tem contribuído para a Formula-1 atual.

Falemos um pouco de algumas atuações:



Michael Schumacher

Ninguém, nem ele, esperava um início como o que está tendo. Talvez umas três corridas para pegar o ritmo, mas não há evolução em sua performance de corrida a corrida, ao contrário, parece piorar na comparação com Rosberg em cada etapa. Diz que não consegue se adaptar ao carro, mas também não pode exigir que a equipe adapte o carro a seu estilo de dirigir porque isso poderia prejudicar Rosberg em sua busca pelo título. Ross Brawn talvez precise escolher entre salvar a imagem do velho amigo e brigar pelo campeonato com Rosberg. Estaria a Mercedes prestes a encarar uma sinuca de bico assim?

Claro que ninguém esquecerá das conquistas do Alemão, mas sua aura de invencibilidade fora das pistas certamente será manchada. Em Xangai, chegou a mostrar um pouquinho do velho talento em sua disputa com Hamilton, propiciando-nos um vislumbre do que poderia ter sido uma rivalidade dos dois com ambos no auge e com equipamento parecido. Fora isso, não deu trabalho aos demais pilotos que o ultrapassaram, talvez em função dos pneus, que não soube poupar. O problema de Schumi esse ano é não conseguir ser rápido, e mesmo ainda sabendo escolher o traçado para defender posição, fica muito mais difícil fazer isso sem ser rápido, como se o equipamento fosse muito inferior, o que não deve ser exatamente o caso. A mercedes não vai assim tão mal, e também não vai assim tão bem, porque mesmo Rosberg, na maior parte das vezes, só pode se defender, não tem sobra para atacar como têm os pilotos da Mclaren e RBR no pelotão da frente.



Felipe Massa e Fernando Alonso

Que Massa enfrentaria uma temporada difícil pelo simples fato de ter o asturiano como companheiro, todo mundo já sabia. E parece que Alonso está um pouco cansado desse acordo de cavalheiros que não lhe permite ser 100% ousado quando atrás de Felipe. Foi bonzinho na Austrália, mas ontem resolver agir, o brasileiro bobeou na frente dele na entrada dos boxes e Alonso não pensou duas vezes. Felipe que fique quieto também e não dê munição aos reporteres ou perde o contrato de mais 3 anos que ainda não assinou. A verdade é que Massa não vem bem até aqui, não foi bem no molhado de Xangai, e Alonso não tem nada com isso. Felipe que erre menos e pense mais em grandes resultados, porque o novo esquema de pontuação não mas permite que se administre pequenas vantagens com um pontinho aqui e outro ali. A liderança da semana passada no campeonato virou, do dia para a noite, um modesto sexto lugar.



Jenson Button

Líder provisório do campeonato, tem explorado bem sua frieza e inteligência para contrabalancear a (provável) superioridade de Hamilton. Outra vez, acertou em não trocar os slicks e quase foi prejudicado por um safety car desnecessário. Teve sorte sim. Talvez não parasse antecipadamente em Melborne, não tivesse tomado um passão do companheiro. Outra catacterística que o tem ajudado é saber aproveitar as brechas que lhe dão, os erros dos outros, de Hamilton principalmente, marcar sempre que ele não marcar, largar na frente sempre que este largar atrás, como Prost, que era sempre segundo quando Senna ganhava, mas que, quando vencia, Senna raramente pontuava. Sabe também ser constante e rapido quando precisa e é bom no molhado. Também estava com os pneus em frangalhos no fim da corrida, ao contrário do que constatou o pessoal da transmissão, e segurou o carro de modo épico nas voltas finais.



Lewis Hamilton

Tem feito atuações soberbas nessa temporada e uma porcentagem significativa das ultrapassagens e dos acontecimentos das ultimas três corridas que as tornaram emocionantes vieram de suas performances. Houvesse um prêmio para piloto show do ano, poderia largar atrás a vontade e errar a vontade, desde que sempre propiciasse momentos espetaculares, mas não é assim que a banda toca quando se quer ser campeão do mundo. Em Xangai foi o mais rápido dos treinos livres, do Q1, Q2, mas não naquelas voltinhas chave do Q3, que é a única hora em que você realmente precisa ser rápido. Não foi, e por mais que fosse bem na corrida, saiu em desvantagem e pagou por ela. Em 2009, Button soube aproveitar as brechas que Rubinho deixava e promete fazer o mesmo com Hamilton, sendo rápido toda vez que o companheiro não for, pontuando quando o companheiro não pontuar, ganhando quando o companheiro vier de trás, etc, etc, ou seja, a Hamilton não basta caprichar nos pontos altos, mas minimizar, em muito, os pontos baixos, principalmente no duelo particular com Button.



Mark Webber e Sebastian Vettel

Como Hamilton, a Red Bull virou perita em deixar brechas para os oponentes roubarem seus pontos. Vettel é um primor na qualificação, mas, na corrida, é sempre vítima de uma quebra ou de um erro de estratégia, enquanto Webber não consegue ser bom quando realmente precisa. Chegou em oitavo no Bahrein, ficou atrás o tempo todo em Melborne e teve uma atuação pífia ontem. Talvez se os defeitos mecânicos acontecessem mais em seu carro e menos no de Vettel, a equipe estivesse em situação melhor no campeonato. Foi, claro, prejudicado por uma biaba de Hamilton numa relargada, e talvez o inglês merecesse ser punido por essa manobra, e também pela disputa com Vettel nos boxes. Mas a má performance de Webber não se limitou às consequências desse incidente, portanto, está em baixa. Já Vettel, foi até agora mais vítima de quebras do que culpado pelos pontos que perdeu. A RBR precisa mostrar que pode ser melhor em corrida, e nisso tem sido menos constante que a McLaren, principalmente com o equipamento de seu melhor piloto.

O duelo do dia ficou por conta de um jovem talento e um veterano heptacampeão do mundo. Michael Schumacher, ainda procurando se encontrar nessa nova Formula-1 e Lewis Hamilton, florescendo para ser um dos prováveis grandes dessa nova geração. Não foi um super duelo como se desejava antes do início do campeonato, mas valeu a pena assistir. Fiquemos na torcida para que o velho Schumi recupere logo sua forma e nos propicie grandes momentos ao longo do ano.


Sunday, April 11, 2010

Dois pesos, duas medidas.

A seguinte observação foi feita por Renata Arruda, via Twitter, e publicada no blog Diário de Bordo, de Pablo Villaça, do Cinema em Cena. Uma comparação de como a revista Veja relacionou os dilúvios de São Paulo (fevereiro/2010) e do Rio de Janeiro (abril/2010) a suas respectivas capas. Para o dilúvio de São Paulo, a revista procurou amenizar a responsabilidade dos governantes, enfatizando os atributos "naturais" da tragédia, ou seja, os desastres sociais decorrentes da tempestade não ocorreram em função de descasos administrativos, mas foram mera fatalidade, culpa de uma infeliz conjunção de elementos meteorológicos e José Serra (PSDB) não teve nada a ver com isso. Já no Rio, comandado pelo PMDB, hoje aliado do PT, a coisa é diferente. Culpar a natureza é demagogia dos maus governantes, que dão barracos em troca de votos.

capa da edição de 10/02/10


capa da edição de 14/04/10



Sem mais, Meritíssimo!


Tuesday, April 06, 2010

A Poodlefobia de Marcelo Dourado



Findado o BBB 10, ficam especulações e discussões sobre a suposta homofobia do vencedor Marcelo Dourado. De lá gritam que o cara é, dali respondem que é intriga da oposição. Se o cara é anti-gay, não sei. Nem creio que seja. Mas o que muita gente não sabia até anteontem é que este ex-lutador de vale tudo, que até chegou a falar em chutar poodles para desestressar (brincando, claro), tem um medo genuíno desta dócil raça de cachorro. Por que? Não faço idéia. Talvez trauma de infância. As fobias do ser humano são difíceis de explicar. Um colega meu, por exemplo, tinha pavor de borrachas escolares. A verdade, senhoras e senhores, é que nem o poder supremo de Marcelo Dourado foi capaz livrá-lo da Poodlefobia. Dourado tem sim medo de poodles, como constatou Ana Maria Braga no Mais Você do dia 5 de abril. O cara até já tinha confessado este pavor dentro do BBB, mas muita gente não viu. Meu palpite é que isso só colaborará para aumentar a popularidade do sujeito, afinal, uma fobia dessas reforçará a imagem de "homem sensível e frágil por trás da cara de mau" que lhe angariou tantos fãs.

Friday, March 26, 2010

O dia em que Ivan Drago existiu



Se você já assistiu aos principais filmes da saga de Rocky Balboa, sabe que Ivan Drago foi, senão O, um de seus mais notórios adversários. Lutador soviético desenvolvido em laboratórios secretos do KGB, sua meta, entre tantas, era servir de propaganda do regime socialista contra o grande satã estadunidense. Humilhou o inimigo na própria casa ao assassinar seu representante Apollo ao vivo diante de milhões de espectadores. Como vingança, os americanos enviaram seu "garanhão italiano" a Moscou, que, após um combate épico que ultrapassou as barreiras do possível e impossível do esporte, restabeleceu a supremacia yankee na categoria "pesados". Tudo bem que hoje quem manda entre os Heavy Weights não são mais os negões do Tio Sam, mas Russos, Ucranianos e outros representantes da antiga URSS, inspirados pela lenda de Drago, o (quase) invencível. O que nem todo mundo sabe é que um dia Drago lutou na vida real. Melhor dizendo, o ator Dolph Lundgren, que também foi lutador, entrentou Oleg Taktarov, outro lutador com experiência nas telonas. Taktarov é um profissional de MMA que já enfrentou gente do calibre de Marco Ruas e Tank Abbot. Lundgren, digo... Drago e Taktarov realizaram uma luta de exibição em solo russo, ao velho estilo Rocky, em uma homenagem aos bons e velhos tempos da cortina de ferro. Confira.

Sunday, March 14, 2010

A volta do trenzinho



Era grande, a espectativa, e talvez tenha sido a decepção. A Rede Globo que elogie e enalteça uma grandeza fictícia do Grande Premio do Bahrein para vender seu peixe. A mim, fica o pressentimento de um campeonato interessante com provas modorrentas.

Ano passado, a FIA tentou anular os empecilhos aerodinâmicos que tornavam os vácuos e as ultrapassagens problemáticas e conseguiu, coisa que ficou clara nas primeiras corridas da temporada, mas que a aprovação do difusor da Brawn impediu de se concretizar pelo resto do ano. A polêmica peça desfez muitos dos efeitos da mudança de regulamento, e, uma vez que virou padrão entre todas as equipes, as alternâncias de posições diminuíram, e o tiro da FIA saiu pela culatra.



Esse ano tem difusor duplo, não tem abastecimento, não tem KERS, não tem carro mais lento e mais leve na frente do mais pesado e mais rápido, não tem galera de trás fazendo parada a menos, não tem estratégia de Ross Brawn. O aparente equilíbrio entre quatro equipes e a presença de grandes pilotos em cada uma delas talvez não seja o bastante para impedir a volta do trenzinho "ninguém-passa-ninguém", que, desde muito, marca presença na categoria, uns anos mais, outros menos. Esse ano deve vir com tudo, obrigando pilotos a darem tudo na qualificação e na primeira volta, porque depois, será torcer para não quebrar e para o carro da frente errar.

Fora isso, teremos carros em condições parecidas com dificuldades para ultrapassar, mesmo que andem perto por dezenas de voltas, como hoje ocorreu entre Button e Webber, por exemplo. As brigas ficarão restritas aos pelotões da retaguarda, principalmente quando houver maior diferença de performance entre os times envolvidos, como num duelo entre Williams e Toro Rosso ou Lotus, por exemplo.

Pessimista? Talvez. Só tivemos uma corrida. Times e pilotos ainda não aprenderam a usar as novas regras, ou seja, ainda há esperanças de que eu queime a língua. Há circuitos que oferecem mais alternância também. Só espero que a coisa não fique ruim a ponto de precisarmos torcer para chover, se quisermos ver troca de posições na pista entre os pelotões dianteiros, digo, depois da primeira volta.



Massa deu mole, e não adianta Reginaldo Leme ficar chateado quando a equipe pede para poupar motor. Teve sua chance, perdeu na segunda curva e pagou. Se fosse o contrário, a ordem nas voltas finais seria a mesma... para Alonso, que, convenhamos, é mais piloto que Felipe, ainda que o brasileiro esteja andando bem e próximo do espanhol, com condições de vencê-lo numa corrida ou outra.

Button tem o defeito de ir mal na qualificação e se fizer isso como fez na metade final da temporada passada, será jantado por Hamilton, que tem nessa uma de suas principais qualidades. Hamilton não é Rubinho e Button não pode confiar só em sua performance de corrida.

Vettel ia ganhar, provavelmente, se o motor não o aniquilasse. Talvez Alonso viesse com tudo mesmo assim, mas seria difícil passar.

Schumacher não decepcionou, digo, para quem esteve três anos parado e não pôde praticar como deveria, já que os testes são limitados. Fez uma corrida correta, aproveitou-se de erros alheios e procurou não arriscar demais. Se evoluir ao longo do campeonato como se espera, pode até lutar por vitórias, dependendo da evolução do carro.



No mais, fica meu medo das equipes novatas, em especial a Hispania, que ainda é time de GP2. Torço para a FIA criar uma brecha no regulamento, admitindo mais testes, pelo menos para esses calouros, ou poderemos ter catástrofes na temporada.

Aliás, Hamilton e Schumi reclamaram do peso dos carros em entrevista, da dificuldade que eles geram para tentar ultrapassar, do problema de precisarem economizar pneus e de como o fim do abastecimento diminuiu as possibilidades de estratégia e alternância. Galvão que fale o que quiser. Esta não foi, nem de longe, uma grande estréia de temporada.

E que mico foi esse, hein, Bueno? Narrar a vitória da Alonso quando faltava uma volta? Imagina se fosse o Massa. Iam botar musiquinha e tudo.


Sunday, March 07, 2010

Os amigos do rei

O artigo a seguir é de autoria de Tostão e está presente em sua coluna. Achei muito interessante, por isso postei aqui. Seguem as palavras do mestre.



"No futebol, é dada muita importância a coisas que têm pouca ou nenhuma importância. Nas copas do mundo, o Brasil ganhou e perdeu, jogou muito bem e muito mal, com diferentes estratégias, dentro e fora de campo.

Já está definido. Se o Brasil ganhar ou perder, o motivo principal será Dunga. Isso é dar uma exagerada importância a Dunga ou a qualquer outro treinador.

Da mesma forma, a Argentina não estava tão ruim nas Eliminatórias porque Maradona é um técnico debiloide. Nem, de repente, após a vitória sobre a Alemanha, ele passou a ser um estrategista, somente porque a Argentina mostrou um time organizado, disciplinado, com ótima marcação e privilegiando os contra-ataques. Parecia o Brasil.

"As coisas não precisam de você"`, diz a belíssima música de Marina Lima e Antônio Cícero. O futebol também não precisa tanto dos técnicos. Eles são importantes, mas há coisas muito mais decisivas.

No fracasso na Copa de 66 e na conquista de 2002, a Seleção se concentrou em hotéis junto com a imprensa e os hóspedes. Na vitória em 70 e nas derrotas de 98 e 2006, o Brasil ficou em hotéis isolados. O tipo de concentração tem pouca importância.

Em todos os mundiais, que perdeu e que ganhou, havia um dia de folga na semana. Em 70, uns iam rezar, outros, conhecer a cidade, e alguns iam para a balada, como em 2006. Os jogadores de 70 não eram santos nem os de 2006 foram baderneiros.

Em 2002, não era raro encontrar um jogador no elevador do hotel, mesmo eles ficando em andares reservados. Como venceu, foi elogiada a proximidade dos jogadores com a imprensa e os hóspedes.

A concentração em Weggis, na Suíça, foi apontada como uma das principais causas do fracasso, em 2006. O hotel era fechado. Os treinos ficavam lotados de torcedores, como ocorre em quase todas as copas. É raro proibir a entrada de público. Em 70, como ocorreu em 2006, de vez em quando, um torcedor invadia o gramado, durante o treino.

O Brasil perdeu a Copa de 2006 porque os craques jogaram mal, alguns estavam fora de forma física (com ou sem balada no dia de folga), houve erros táticos, o time ficou prepotente e iludido com o oba-oba antes do Mundial, a França tinha mais conjunto e, do outro lado, estava Zidane. O restante é perfumaria.

A Seleção será superprotegida na África do Sul. Dunga mandou construir um muro de vidro em frente ao hotel. Quem está de fora não vê dentro, e quem está de dentro não vê o lado de fora. Espero que não haja cartilha nem obrigação dos jogadores cantarem o hino nacional, todos os dias.

Endosso a preocupação e as críticas de José Trajano à CBF, que não divulgou, até terminar esta coluna, as datas em que os jogadores iniciarão os treinos e que chegarão a Joanesburgo. Isso é essencial para o trabalho logístico da imprensa de todo o mundo. Se a CBF não tem ainda as datas, é por incompetência. A Copa está próxima.

Pelos antecedentes, tenho o direito de especular que a CBF quer dificultar o trabalho da imprensa, e que alguns privilegiados já têm a programação. A CBF tem muitos parceiros."


Thursday, March 04, 2010

Quando os oprimidos de ontem querem ser opressores



Em entrevista ao Estadão, Marcelo Madureira expõe críticas ao atual governo e sua crescente tendência de intervir e censurar o que rola na imprensa. Uma parte da nossa esquerda coitadinha e dona da verdade jamais quis liberdade de expressão. Muitas das vítimas dos excessos da ditadura militar só queriam estar do outro lado, fazendo a mesma coisa, e nunca foram a favor de democracia ou liberdade. Censura e ditadura não é melhor ou pior porque é "de esquerda", e por mais que eu não compactue com a política da Rede Globo de televisão, ainda acho que a liberdade de imprensa é o melhor instrumento que se pode ter para patrulhar o poder vigente, ainda que esta imprensa nem sempre se mostre idônea. Com imprensa é melhor que sem imprensa, e a competitividade entre os meios de comunicação e a abertura para novas mídias acaba por gerar, pelo menos, algum tipo de democracia da informação. Repito: Não existe essa de "ditadura esclarecida dos esquerdistas donos da verdade que sabem de tudo e não precisam ser atrapalhados pela mídia golpista". Isso é babela. A ditadura militar também fez o que fez "em defesa da democracia" e "dos interesses da nação", e a gente conhece o fim da história. Censura nunca mais. Nem de direita, nem de esquerda, e nem da própria imprensa.

Sunday, February 21, 2010

Mini Caveirão



Medo de Sinal de trânsito, sequestro relâmpago, bala perdida?

Seus problemas acabaram!

O governo da Índia, aproveitando a onda do sucesso do filme
Tropa de Elite, acaba de lançar no mercado, o Personal Caveirão, feito sob medida para empresários, juízes, turistas e figurões da alta roda que precisam se proteger da selvageria da plebe descontrolada. Já é grande o número de encomendas para o Rio de Janeiro, e uma empresa local se oferece para produzir uma versão licenciada do produto, que também contará com uma variante Light para um público de menor poder aquisitivo, incluindo Policiais e militares de baixa patente.

Com o Personal Caveirão, você não precisará mais ter medo de que aquele desvio nebuloso te leve para dentro do morrão sinistro.

Tuesday, February 09, 2010

Erros que geram erros



Brasileiro é assim. Se a coisa deu errado há quatro anos por causa "disso, disso, disso", então, façamos o contrário e tudo vai dar certo. Tipo, não se analisa os detalhes e as particularidades das situações. Ou é 8 ou 80.

A não-convocação de Ronaldinho Gaúcho por Dunga para o amistoso contra o Eire me faz pensar que há grandes possibilidades dele realmente não ser chamado à copa. Na cabeça de Dunga, é a lição de 2006. Ronaldinho foi uma das estrelinhas mimadas daquele mundial, adora demais a "night", não quis ir à copa América, teve a fase deprimida no Milan, não foi bem na olimpíada, alugou quarto para farra três dias, etc, etc, e, para o treinador, talvez não seja um jogador "comprometido" com a seleção, não é "guerreiro", como aprendemos a querer que nossos "atletas" sejam, em vez de craques ou artistas da bola. Do outro lado da balança, o cara que teria de sair para que Ronaldinho entrasse: Julio Baptista, reserva de Kaká, o homem que aceitou jogar a copa América quando Kaká, Ronaldinho, Zé Roberto e Juninho não queriam; o jogador que, apesar das limitações, fez o meio de campo funcionar e trouxe o título contra a Argentina. Júlio é obediente, dedicado, "guerreiro", comprometido, disciplinado, tático e esteve "com o treinador" desde o começo. Agora, perto do Filet Mignon que é a Copa do Mundo, quando os mimados e os guerreiros igualmente desejam jogar, Dunga acha que deve recompensar quem o apoiou e à seleção na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. É normal que um treinador pense assim e que passe isso aos "atletas" no início de um novo "ciclo" ou numa convocação de emergência lá no meio desse ciclo, quando a nau está para afundar numa eliminatória, por exemplo. Felipão fez esse pacto com Edilson e Luizão nas qualificatórias de 2001, vetando Romário para o mundial da Ásia. José Roberto Guimarães, do volei feminino, prometeu a suas recém-chamadas pupilas que elas não perderiam o posto para uma estrela mais talentosa lá pelo final do ciclo, se "estivessem com ele" e fossem bem desde o começo. Resultado: Fernanda Venturini apareceu do nada para jogar Pequim e foi vetada. O objetivo deste pacto é garantir a união do grupo e a união do grupo com o treinador. "Se estão comigo, estou com vocês." Se o pacto é quebrado lá atrás ou lá na frente, os pupilos perdem a fé no "professor", percebem que, independentemente de se matarem nos treinos e nos jogos de menor importãncia, perderão vaga para os figurões quando a coisa realmente importar e, portanto, não se sacrificam, ferrando o técnico junto. Parece-me que a grande reclamação interna do elenco em 2006 é que os reservas se matavam a troco de nada enquanto os titulares se sentavam sobre os louros de sua história e seus "talentos diferenciados". No fim, Parreira perdeu todos, titulares e reservas.



Na sombra dessa "lição", vem 2010, e Julio Baptista é o reserva dedicado, enquanto Ronaldinho, a estrela mimada e desfocada, reflexo do mau exemplo de 2006. Dunga quer dar a mensagem a seus comandados, mirar-se no exemplo de 2002, e seguir a cartilha do que deu certo. Mas ele esquece que cada história é uma história, cada time é um time e que há sempre o imponderável à espreita. Em 2002, tudo podia ter dado errado contra a Bélgica e não deu. Se desse, a geração "Ronaldo-Rivaldo-Roberto Carlos e companhia" seria para sempre a "geração sem líder", "não teria vencido uma copa porque não tinha um Dunga" e o Brasil clamaria por seu novo Dunga em campo para a copa seguinte. Procurar-se-ia uma renovação apressada sem obedecer aos ciclos naturais de passagem de posto. Portanto, assim como a vitória pode esconder erros, a derrota pode exagerá-los até torná-los tabus idiotas.



A verdade é que não temos um elenco cheio de craques para 2010 como tínhamos em 2006, a ponto de podermos abrir mão de uma estrela aqui e ali, como podíamos. Possuímos um time aplicado e bom na medida do necessário, mas de criatividade limitada, como há muito não se via numa seleção brasileira. O meio-de-campo é um dos setores críticos, salvo da mediocridade pelas presenças de Felipe Melo e, principalmente, Kaká, centro nervoso do elenco inteiro. Se Kaká se ausentar da copa ou mesmo de uma partida ou duas ao longo da competição, o Brasil pode ficar tão perdido como a França de 2002 sem seu Zidane, e corre risco de fazer novo papelão. Seu reserva Julio Baptista não pode realmente substituí-lo. Ninguém pode. Ninguém exceto Ronaldinho Gaúcho, que também pode mudar a cara de uma partida com seu talento diferenciado que guerreiro nenhum adquire com aplicação. Ronaldinho é um craque no melhor sentido da palavra, daqueles que fulgurarão (ou fulgurariam) como marcos de sua geração daqui há 20 anos, dos que nasceram e cresceram craques, como Ronaldo, Romário, Kaká, Zico, Rivaldo e tantos antes. Bate falta, escanteio e dá passe como ninguém. Se a maneira de jogar do elenco titular está montada e não tem lugar para ele, ainda poderia ser um recurso para o meio da partida, quando o plano A falhar (e falhará em algum ponto da caminhada). Os Júlios, Elanos e Josués têm suas qualidades, mas não viram um jogo de cabeça para baixo, não destravam os nós táticos estabelecidos na prevalescência de uma estratégia sobre outra. Além disso, em copa do mundo, estrelas fazem toda a diferença. Felipão tinha três, e, também por isso, se absteve de Romário. Dunga não possui um reserva para Kaká e precisa de Ronaldinho, mas é provável que recompense seu cão de guarda Julio pelos serviços prestados, ainda que reze para não precisar deles de novo.

A nova era Dunga da seleção teve muitos acertos ao longo destes quatro anos, mas pode afundar em função deste único e crucial erro, provável lição para 2014. A de que nessa vida, nem tudo precisa ser "8 ou 80".



Sunday, January 31, 2010

Avatar e o retorno do humanismo ao cinema high tech



Uma das mais agradáveis surpresas desse verão, e certamente do cinema americano dos últimos anos, foi a nova e caríssima empreitada de James Cameron, Avatar.

Cameron esteve longe da indústria cinematográfica desde 1997, quando produziu Titanic, e trabalhou pelo menos cinco anos até conceber seu mais novo filho audiovisual e razão de ser deste artigo.

Quando os dinossauros digitais de Jurassic Park surpreenderam o mundo, abrindo um portal de possibilidades com as maravilhas dos efeitos visuais, achou-se que uma nova e prodigiosa fase se iniciaria para a Hollywood de orçamentos milionários. Muitos críticos e puristas do cinema de arte até torceram o nariz, mas o que estes não compreendem é que filmes como Star Wars e Indiana Jones não foram feitos para abordar tramas complexas ou que gerem grandes reflexões, ainda que isso venha a ocorrer numa escala moderada como conseqüência de um trabalho bem feito. O roteiro precisa ser relativamente simples e, sobretudo, funcional. Tais filmes geram empatia e surpreendem pela experiência que propõem a partir de uma idéia de grandeza, de "cinema maior do que nós", onde a tecnologia, o estado da arte dos efeitos visuais tem papel importantíssimo no processo de imersão do espectador à trama. Não se basta em si, ou pelo menos não deveria. Mas o roteiro não é a razão de ser desse tipo de filme, que, quando bem executado, consegue colocar a pirotecnia de milhões de dólares a serviço da história e dos personagens, que é com quem realmente empatizamos. Era assim na época de Dorothy e O Mágico de Oz, e foi assim com E.T. e Guerra nas Estrelas.



Mas, voltando aos dinossauros de Jurassic Park, podemos dizer que o tiro dos efeitos digitais saiu pela culatra e um meteoro quase extinguiu as espécies que prometiam evoluir a partir daquele mega-sucesso. Os anos seguintes testemunharam a ascensão de um cinema pouco preocupado em contar histórias ou criar personagens "vivos", um cinema narcisista e preguiçoso que se bastava nos abusos da computação gráfica, executados com a competência de uma criança que se lambuza com o melado recém-provado. Alimentando essa nova fase, uma legião de espectadores criados a videogame e internet para quem a riqueza e as variantes do mundo dos átomos e da tragédia humana não faziam sentido. Ironicamente, Matrix, um bom filme, trabalhou contra seu próprio roteiro, gerando uma prole de filhos bastardos que só lhe herdaram as perigosas entrelinhas, sem a mensagem que lhes dava outro sentido. O cinemão dos efeitos visuais virou isso. Efeitos visuais de estúdio. Filmes indiferentes para públicos indiferentes, feitos como o mínimo de criatividade e vida necessários, a ponto de questionarmos se essa tecnologia havia realmente melhorado o cinema de grande público ou só o transformado numa fábrica de caprichos para designers e técnicos virtuais.



Houve, nesse período, as sempre felizes exceções, mas nenhuma que pudesse alçar posição de referência. Avatar chega num momento oportuno justamente por oferecer saídas a uma corrente da indústria cinematográfica que parecia fadada à mediocridade. A opção pelo 3D e o desenvolvimento desta a níveis além do elaborado até então, explorando possibilidades inviáveis em duas dimensões, ou seja, cinema 3D tratado como tal, abriu campo fértil para que essa tecnologia virtual pudesse se sentir mais útil do que nociva, fundamental, dentro de um nicho mais "seu". O cinema pipoca 2D não se absterá desses recursos, mas se sentirá livre da necessidade de elevá-los à enésima potência para criar ilusões de estado da arte e impacto tecnológico de ponta, usando-os, enfim, com moderação a serviço da narrativa sem culpa ou medo de perder grana. O 3D será o carro chefe do blue screen, das novidades high-tech, e precisa delas mais do que o 2D precisava para tornar-se possível e crível, que é o ponto crucial. A pirotecnia de Avatar tem peso, razão de ser, textura, vida, pode-se quase tocá-la enquanto o filme se desenrola. Avatar seria impossível sem ela. E o melhor é que ela não dispensa mas potencializa o trabalho dos atores e os elementos orgânicos e humanos inerentes à trama. Pandora existe. Respira. Tal qual seus habitantes. Nunca até então um personagem virtual havia sido tão capaz de se tornar "humano" e gerar empatia no espectador do mesmo modo que um humano faria. Os monstruosos veículos futuristas dos terráqueos fazem o contraponto perfeito com a vida do planeta, quase como uma alegoria desse embate pós-moderno entre coisas e pessoas. As coisas, os vilões, os fuzileiros navais que filmes como 300 transformaram em astros de um mundo predatório e indiferente são questionados e desconstruídos. A ameaça externa somos nós. Eles, os Na´vi, são os humanos; aquilo que estamos deixando de ser.



Este filme pode ser analisado sob diferentes vertentes. Técnicas, ideológicas, históricas... Não é original na premissa do roteiro, pois Dança com Lobos e O Último Samurai tocaram em temas semelhantes, mas Avatar o desenvolveu de forma distinta, misturando-os à ficção científica e incluindo questões como a destruição da natureza pelo homem e a guerra contra o terror. Ver um filme assim sendo campeão de bilheteria e referência de estado da arte para o futuro do cinema nos dá esperança. De uma tecnologia crescendo a favor e não contra os dilemas humanos, como ocorre hoje dentro e fora da ficção. Ao contrário de Matrix, a mensagem de Avatar também pode ser apreciada na execução, no "como" do aparato técnico e das entrelinhas. Talvez por isso seus filhos nasçam menos deturpados que os do antecessor. A prova de que cinema "de ponta" para dar grana ainda pode ser veículo para boas histórias, personagens e iniciativas humanistas, diretas e indiretas.