Sunday, January 31, 2010

Avatar e o retorno do humanismo ao cinema high tech



Uma das mais agradáveis surpresas desse verão, e certamente do cinema americano dos últimos anos, foi a nova e caríssima empreitada de James Cameron, Avatar.

Cameron esteve longe da indústria cinematográfica desde 1997, quando produziu Titanic, e trabalhou pelo menos cinco anos até conceber seu mais novo filho audiovisual e razão de ser deste artigo.

Quando os dinossauros digitais de Jurassic Park surpreenderam o mundo, abrindo um portal de possibilidades com as maravilhas dos efeitos visuais, achou-se que uma nova e prodigiosa fase se iniciaria para a Hollywood de orçamentos milionários. Muitos críticos e puristas do cinema de arte até torceram o nariz, mas o que estes não compreendem é que filmes como Star Wars e Indiana Jones não foram feitos para abordar tramas complexas ou que gerem grandes reflexões, ainda que isso venha a ocorrer numa escala moderada como conseqüência de um trabalho bem feito. O roteiro precisa ser relativamente simples e, sobretudo, funcional. Tais filmes geram empatia e surpreendem pela experiência que propõem a partir de uma idéia de grandeza, de "cinema maior do que nós", onde a tecnologia, o estado da arte dos efeitos visuais tem papel importantíssimo no processo de imersão do espectador à trama. Não se basta em si, ou pelo menos não deveria. Mas o roteiro não é a razão de ser desse tipo de filme, que, quando bem executado, consegue colocar a pirotecnia de milhões de dólares a serviço da história e dos personagens, que é com quem realmente empatizamos. Era assim na época de Dorothy e O Mágico de Oz, e foi assim com E.T. e Guerra nas Estrelas.



Mas, voltando aos dinossauros de Jurassic Park, podemos dizer que o tiro dos efeitos digitais saiu pela culatra e um meteoro quase extinguiu as espécies que prometiam evoluir a partir daquele mega-sucesso. Os anos seguintes testemunharam a ascensão de um cinema pouco preocupado em contar histórias ou criar personagens "vivos", um cinema narcisista e preguiçoso que se bastava nos abusos da computação gráfica, executados com a competência de uma criança que se lambuza com o melado recém-provado. Alimentando essa nova fase, uma legião de espectadores criados a videogame e internet para quem a riqueza e as variantes do mundo dos átomos e da tragédia humana não faziam sentido. Ironicamente, Matrix, um bom filme, trabalhou contra seu próprio roteiro, gerando uma prole de filhos bastardos que só lhe herdaram as perigosas entrelinhas, sem a mensagem que lhes dava outro sentido. O cinemão dos efeitos visuais virou isso. Efeitos visuais de estúdio. Filmes indiferentes para públicos indiferentes, feitos como o mínimo de criatividade e vida necessários, a ponto de questionarmos se essa tecnologia havia realmente melhorado o cinema de grande público ou só o transformado numa fábrica de caprichos para designers e técnicos virtuais.



Houve, nesse período, as sempre felizes exceções, mas nenhuma que pudesse alçar posição de referência. Avatar chega num momento oportuno justamente por oferecer saídas a uma corrente da indústria cinematográfica que parecia fadada à mediocridade. A opção pelo 3D e o desenvolvimento desta a níveis além do elaborado até então, explorando possibilidades inviáveis em duas dimensões, ou seja, cinema 3D tratado como tal, abriu campo fértil para que essa tecnologia virtual pudesse se sentir mais útil do que nociva, fundamental, dentro de um nicho mais "seu". O cinema pipoca 2D não se absterá desses recursos, mas se sentirá livre da necessidade de elevá-los à enésima potência para criar ilusões de estado da arte e impacto tecnológico de ponta, usando-os, enfim, com moderação a serviço da narrativa sem culpa ou medo de perder grana. O 3D será o carro chefe do blue screen, das novidades high-tech, e precisa delas mais do que o 2D precisava para tornar-se possível e crível, que é o ponto crucial. A pirotecnia de Avatar tem peso, razão de ser, textura, vida, pode-se quase tocá-la enquanto o filme se desenrola. Avatar seria impossível sem ela. E o melhor é que ela não dispensa mas potencializa o trabalho dos atores e os elementos orgânicos e humanos inerentes à trama. Pandora existe. Respira. Tal qual seus habitantes. Nunca até então um personagem virtual havia sido tão capaz de se tornar "humano" e gerar empatia no espectador do mesmo modo que um humano faria. Os monstruosos veículos futuristas dos terráqueos fazem o contraponto perfeito com a vida do planeta, quase como uma alegoria desse embate pós-moderno entre coisas e pessoas. As coisas, os vilões, os fuzileiros navais que filmes como 300 transformaram em astros de um mundo predatório e indiferente são questionados e desconstruídos. A ameaça externa somos nós. Eles, os Na´vi, são os humanos; aquilo que estamos deixando de ser.



Este filme pode ser analisado sob diferentes vertentes. Técnicas, ideológicas, históricas... Não é original na premissa do roteiro, pois Dança com Lobos e O Último Samurai tocaram em temas semelhantes, mas Avatar o desenvolveu de forma distinta, misturando-os à ficção científica e incluindo questões como a destruição da natureza pelo homem e a guerra contra o terror. Ver um filme assim sendo campeão de bilheteria e referência de estado da arte para o futuro do cinema nos dá esperança. De uma tecnologia crescendo a favor e não contra os dilemas humanos, como ocorre hoje dentro e fora da ficção. Ao contrário de Matrix, a mensagem de Avatar também pode ser apreciada na execução, no "como" do aparato técnico e das entrelinhas. Talvez por isso seus filhos nasçam menos deturpados que os do antecessor. A prova de que cinema "de ponta" para dar grana ainda pode ser veículo para boas histórias, personagens e iniciativas humanistas, diretas e indiretas.


Wednesday, January 27, 2010

O "escândalo" Madonna



E eis que "bombásticas" fotos da musa pop sem o tratamento photoshop aparecem na net. Eram sobras de ensaios fotográficos que não receberam o típico tratamento virtual.

Convenhamos, "bombástico" mesmo é o teor da notícia e, possivelmente, o choque de alguns manés que vêem a vida como realidade vitual. A mulher tem 51 anos, tipo, cedo ou tarde, as pelancas, rugas, etc iam brotar, ora! Madonna não conseguiria ficar jovem para sempre; isso ainda não é possível. Para mim, ela até parece bem conservada nas tais fotos naturais. Se quiser conferí-las, clique aqui.

Escandalosa mesmo é a implacabilidade do show buzziness com suas estrelas no quesito "idade aparente".

Obs: Ah sim, esse blog esteve parado por dois meses, mas agora volta em definitivo. Escrevi, esse fim de semana, uma resenha sobre o filme Avatar. Posto-a na net em breve. Hoje vi que o Jabor tem uma opinião sobre o filme parecida com a minha.