Wednesday, April 21, 2010

Água, abençoada água...



Há um mês, expressei neste blog minhas preocupações acerca da temporada 2010 de Formula-1, que poderia ser um campeonato disputado, mas de corridas chatas.

Bom, já se foram mais três etapas de lá para cá. A monotonia saiu de cena, tivemos duas provas emocionantes e outra que valeu a pena assistir. Fim das preocupações? Não exatamente. Como mencionei no outro post "Só espero que a coisa não fique ruim a ponto de precisarmos torcer para chover, se quisermos ver troca de posições na pista entre os pelotões dianteiros, digo, depois da primeira volta." Bom... choveu. Nas primeiras e decisivas voltas do GP da Austrália, na qualificação da Malásia, que nos propiciou carros velozes largando no pelotão de trás e correndo atrás do prejuízo, e em quase todo o GP da China.

Não me direi pessimista. É possível que o marasmo do Bahrein também se deva ao desconhecimento, pelas equipes, de como aproveitar o novo regulamento, além de, claro, o próprio traçado do circuito.

Torço para que tenhamos mais boas corridas, e também boas corridas no seco após um qualifying normal com os mais rápidos largando no pelotão da frente. Na Malásia, ainda deu para sentir que estava difícil ultrapassar. Massa passou Button no gargalo e Alonso, mesmo mais rápido, não conseguiu fazê-lo. Deixando de lado o talento incontestável do inglês, podia-se notar uma dificuldade muito grande de se achar e manter o vácuo quando duelando com um adversário que tinha um carro mais lento, mas não "tão" mais lento.

Xangai, com a pista molhada, foi outra história. Ultrapassagens para dar e vender e um show do cara que está tomando conta dessa temporada, ainda que não a lidere. Lewis Hamilton merece considerações a parte esse ano, e talvez em todos os anos que disputou, pela contribuição em tornar nossas corridas mais interessantes. 2007 não seria nem perto do que foi sem ele, pois, provavelmente, teríamos Alonso ganhando fácil o título e a Ferrari sem muitas chances de reação. 2008 seria uma disputa entre Massa e Haikkonen onde as ultrapassagens, na maior parte das vezes, se restringiriam aos pit-stops. Posso até estar errado nas especulações, mas não na constatação do que o estilo Hamilton de dirigir tem contribuído para a Formula-1 atual.

Falemos um pouco de algumas atuações:



Michael Schumacher

Ninguém, nem ele, esperava um início como o que está tendo. Talvez umas três corridas para pegar o ritmo, mas não há evolução em sua performance de corrida a corrida, ao contrário, parece piorar na comparação com Rosberg em cada etapa. Diz que não consegue se adaptar ao carro, mas também não pode exigir que a equipe adapte o carro a seu estilo de dirigir porque isso poderia prejudicar Rosberg em sua busca pelo título. Ross Brawn talvez precise escolher entre salvar a imagem do velho amigo e brigar pelo campeonato com Rosberg. Estaria a Mercedes prestes a encarar uma sinuca de bico assim?

Claro que ninguém esquecerá das conquistas do Alemão, mas sua aura de invencibilidade fora das pistas certamente será manchada. Em Xangai, chegou a mostrar um pouquinho do velho talento em sua disputa com Hamilton, propiciando-nos um vislumbre do que poderia ter sido uma rivalidade dos dois com ambos no auge e com equipamento parecido. Fora isso, não deu trabalho aos demais pilotos que o ultrapassaram, talvez em função dos pneus, que não soube poupar. O problema de Schumi esse ano é não conseguir ser rápido, e mesmo ainda sabendo escolher o traçado para defender posição, fica muito mais difícil fazer isso sem ser rápido, como se o equipamento fosse muito inferior, o que não deve ser exatamente o caso. A mercedes não vai assim tão mal, e também não vai assim tão bem, porque mesmo Rosberg, na maior parte das vezes, só pode se defender, não tem sobra para atacar como têm os pilotos da Mclaren e RBR no pelotão da frente.



Felipe Massa e Fernando Alonso

Que Massa enfrentaria uma temporada difícil pelo simples fato de ter o asturiano como companheiro, todo mundo já sabia. E parece que Alonso está um pouco cansado desse acordo de cavalheiros que não lhe permite ser 100% ousado quando atrás de Felipe. Foi bonzinho na Austrália, mas ontem resolver agir, o brasileiro bobeou na frente dele na entrada dos boxes e Alonso não pensou duas vezes. Felipe que fique quieto também e não dê munição aos reporteres ou perde o contrato de mais 3 anos que ainda não assinou. A verdade é que Massa não vem bem até aqui, não foi bem no molhado de Xangai, e Alonso não tem nada com isso. Felipe que erre menos e pense mais em grandes resultados, porque o novo esquema de pontuação não mas permite que se administre pequenas vantagens com um pontinho aqui e outro ali. A liderança da semana passada no campeonato virou, do dia para a noite, um modesto sexto lugar.



Jenson Button

Líder provisório do campeonato, tem explorado bem sua frieza e inteligência para contrabalancear a (provável) superioridade de Hamilton. Outra vez, acertou em não trocar os slicks e quase foi prejudicado por um safety car desnecessário. Teve sorte sim. Talvez não parasse antecipadamente em Melborne, não tivesse tomado um passão do companheiro. Outra catacterística que o tem ajudado é saber aproveitar as brechas que lhe dão, os erros dos outros, de Hamilton principalmente, marcar sempre que ele não marcar, largar na frente sempre que este largar atrás, como Prost, que era sempre segundo quando Senna ganhava, mas que, quando vencia, Senna raramente pontuava. Sabe também ser constante e rapido quando precisa e é bom no molhado. Também estava com os pneus em frangalhos no fim da corrida, ao contrário do que constatou o pessoal da transmissão, e segurou o carro de modo épico nas voltas finais.



Lewis Hamilton

Tem feito atuações soberbas nessa temporada e uma porcentagem significativa das ultrapassagens e dos acontecimentos das ultimas três corridas que as tornaram emocionantes vieram de suas performances. Houvesse um prêmio para piloto show do ano, poderia largar atrás a vontade e errar a vontade, desde que sempre propiciasse momentos espetaculares, mas não é assim que a banda toca quando se quer ser campeão do mundo. Em Xangai foi o mais rápido dos treinos livres, do Q1, Q2, mas não naquelas voltinhas chave do Q3, que é a única hora em que você realmente precisa ser rápido. Não foi, e por mais que fosse bem na corrida, saiu em desvantagem e pagou por ela. Em 2009, Button soube aproveitar as brechas que Rubinho deixava e promete fazer o mesmo com Hamilton, sendo rápido toda vez que o companheiro não for, pontuando quando o companheiro não pontuar, ganhando quando o companheiro vier de trás, etc, etc, ou seja, a Hamilton não basta caprichar nos pontos altos, mas minimizar, em muito, os pontos baixos, principalmente no duelo particular com Button.



Mark Webber e Sebastian Vettel

Como Hamilton, a Red Bull virou perita em deixar brechas para os oponentes roubarem seus pontos. Vettel é um primor na qualificação, mas, na corrida, é sempre vítima de uma quebra ou de um erro de estratégia, enquanto Webber não consegue ser bom quando realmente precisa. Chegou em oitavo no Bahrein, ficou atrás o tempo todo em Melborne e teve uma atuação pífia ontem. Talvez se os defeitos mecânicos acontecessem mais em seu carro e menos no de Vettel, a equipe estivesse em situação melhor no campeonato. Foi, claro, prejudicado por uma biaba de Hamilton numa relargada, e talvez o inglês merecesse ser punido por essa manobra, e também pela disputa com Vettel nos boxes. Mas a má performance de Webber não se limitou às consequências desse incidente, portanto, está em baixa. Já Vettel, foi até agora mais vítima de quebras do que culpado pelos pontos que perdeu. A RBR precisa mostrar que pode ser melhor em corrida, e nisso tem sido menos constante que a McLaren, principalmente com o equipamento de seu melhor piloto.

O duelo do dia ficou por conta de um jovem talento e um veterano heptacampeão do mundo. Michael Schumacher, ainda procurando se encontrar nessa nova Formula-1 e Lewis Hamilton, florescendo para ser um dos prováveis grandes dessa nova geração. Não foi um super duelo como se desejava antes do início do campeonato, mas valeu a pena assistir. Fiquemos na torcida para que o velho Schumi recupere logo sua forma e nos propicie grandes momentos ao longo do ano.


Sunday, April 11, 2010

Dois pesos, duas medidas.

A seguinte observação foi feita por Renata Arruda, via Twitter, e publicada no blog Diário de Bordo, de Pablo Villaça, do Cinema em Cena. Uma comparação de como a revista Veja relacionou os dilúvios de São Paulo (fevereiro/2010) e do Rio de Janeiro (abril/2010) a suas respectivas capas. Para o dilúvio de São Paulo, a revista procurou amenizar a responsabilidade dos governantes, enfatizando os atributos "naturais" da tragédia, ou seja, os desastres sociais decorrentes da tempestade não ocorreram em função de descasos administrativos, mas foram mera fatalidade, culpa de uma infeliz conjunção de elementos meteorológicos e José Serra (PSDB) não teve nada a ver com isso. Já no Rio, comandado pelo PMDB, hoje aliado do PT, a coisa é diferente. Culpar a natureza é demagogia dos maus governantes, que dão barracos em troca de votos.

capa da edição de 10/02/10


capa da edição de 14/04/10



Sem mais, Meritíssimo!


Tuesday, April 06, 2010

A Poodlefobia de Marcelo Dourado



Findado o BBB 10, ficam especulações e discussões sobre a suposta homofobia do vencedor Marcelo Dourado. De lá gritam que o cara é, dali respondem que é intriga da oposição. Se o cara é anti-gay, não sei. Nem creio que seja. Mas o que muita gente não sabia até anteontem é que este ex-lutador de vale tudo, que até chegou a falar em chutar poodles para desestressar (brincando, claro), tem um medo genuíno desta dócil raça de cachorro. Por que? Não faço idéia. Talvez trauma de infância. As fobias do ser humano são difíceis de explicar. Um colega meu, por exemplo, tinha pavor de borrachas escolares. A verdade, senhoras e senhores, é que nem o poder supremo de Marcelo Dourado foi capaz livrá-lo da Poodlefobia. Dourado tem sim medo de poodles, como constatou Ana Maria Braga no Mais Você do dia 5 de abril. O cara até já tinha confessado este pavor dentro do BBB, mas muita gente não viu. Meu palpite é que isso só colaborará para aumentar a popularidade do sujeito, afinal, uma fobia dessas reforçará a imagem de "homem sensível e frágil por trás da cara de mau" que lhe angariou tantos fãs.