Sunday, May 21, 2006

Método "William Bonner" para desmaios seguros. Funciona?



Eis um clichê dos mais conhecidos na TV e no Cinema. Dois personagens: um coloca o outro para dormir com uma porrada na cabeça, geralmente com um objeto de ferro ou madeira. Se estão em luta ou são inimigos, tudo bem. "A" pretendia machucar "B", desferiu o golpe, "B" desmaiou, ok. Se porventura "A" for um expert em artes-marciais ou algo do gênero e, em vez da porrada na cabeça, desfere um daqueles golpes modulados em pontos vitais de "B", sem problema. O vacilo maior ocorre quando este método "infalível" e "seguro" é utilizado como uma espécie de substituto do conhecido clorofórmio e o autor da pancada (que pouco conhece sobre artes marciais ou pontos vitais) sequer pretende comprometer seriamente a saúde da vítima, mas APENAS fazê-la desmaiar por um tempo, seja para levá-la a um local secreto, impedí-la de atrapalhar uma ação ou de testemunhar um fato, como se, ao bater, fosse realmente possível a este agressor avaliar a intensidade ideal de se fazer um sujeito desmaiar sem que, simultaneamente, um osso do crânio seja quebrado, um vaso importante seja rompido, um coágulo sério ocorra, e isso quando também não se pressupõe que a porrada pode, apesar de intensa, NÃO acarretar o almejado desmaio, mas apenas dano físico. É incrível como este "recurso" se calcificou na cabeça dos roteiristas (e do público) a ponto de ser aplicado indiscriminadamente - às vezes precedido de um "Sinto muito, parceiro, mas preciso fazer isso", ou "É apenas para o seu bem!" (suponhamos, por exemplo, que o "agressor" não deseja ver a "vitima" se arriscar numa operação perigosa na qual ela insiste em participar e a faz "dormir" para protegê-la) - , como se a pancada apertasse um botão na cabeça do agredido, desligando-o apenas. Uma pancada para fazer desmaiar tem de ser forte, e, só por isso, já representa um perigo. Além do desmaio, o agredido pode sofrer danos sérios, ou simplesmente não desmaiar. William Bonner talvez tenha confiado demais nesse recurso-clichê quando agrediu o bandido relapso em sua casa e possivelmente tomou um grande susto ao perceber que a realidade responde a nossas ações de modo bem mais complexo do que a ficção (Um rolo de massa funcionaria melhor?). Felizmente o referido meliante não era um víciado em filmes de gangsters, quase sempre implacáveis com a desobediencia de suas vítimas.


Sunday, May 14, 2006

Anão vestido de palhaço mata oito

Eis o título de uma comunidade muito interessante do orkut, dedicada a notícias da mídia cuja manchete consegue valer mais do que a própria matéria publicada. Entre os destaques contidos neste forum , acha-se preciosidades tipo Cachorro consegue título de eleitor na Nova Zelândia, Professora anuncia o fim do mundo a aluno de 6 anos, Sexo com cavalo mata homem nos E.U.A. e Queniano idoso mata leopardo com a língua, todas devidamente explicitadas e "linkadas" às respectivas fontes em seus tópicos de aparição. Pelo visto, o único "headline" apresentado que não costa como um fato real dentro da comunidade é justamente aquele que lhe dá o nome, mas isso é um detalhe irrisório ante a sagacidade criativa de seu idealizador.

O endereço da comunidade é http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=2599389



Wednesday, May 10, 2006

O dia em que um homem salvou o mundo

Buenas notches, moçada! Após mais de um ano parado, resolvi ressuscitar este blog, que, espero, será atualizado pelo menos semanalmente a partir de hoje. E, re-reiniciando este antro epistemológico da análise holístico-tétrica helicoidal do existir, coloco uma história verídica que pouca gente conhece. Quando vemos filmes tipo Maré Vermelha, "Fail Safe" ou Dr.Fantástico, imaginamos que, apesar de possíveis no âmbito real, seus respectivos enredos não estariam assim tão perto de ocorrer ou já ter ocorrido um dia, e que anteparos grossos de sensatez, diplomacia, regulamentações e confiabilidade teriam criado uma larga e segura fronteira entre os elementos da guerra fria e as possibilidades dela se transformar num conflito total. Recentemente, descobriu-se que o mundo esteve perto, e não apenas uma vez, deste desastre, e que, ao contrário do que se pensava, a crise dos mísseis em Cuba não caracterizou o momento em que E.U.A. e U.R.S.S. estiveram mais perto de uma guerra nuclear. Abertos documentos secretos das duas superpotências, soube-se que os anos 70 e 80 também ostentaram episódios marcantes de tensão que poderiam ter transformado parte do planeta num autêntico "Day After". Uma dessas histórias será contada neste blog, a história do dia em que a saúde do mundo dependeu da decisão de um único homem.

Stalislav Petrov, o russo que salvou o planeta



O histórico da humanidade esconde heróis e monstros inimagináveis em suas entrelinhas, que muitas vezes passam despercebidos dos livros por séculos, ou para sempre, enquanto mentiras viram fatos incontestáveis nas salas de aula. Stanislav Petrov era tenente coronel do exército soviético em setembro de 1983, quando a Guerra Fria com os Estados Unidos ainda atravessava fase perigosa e os russos tinham acabado de abater uma aeronave comercial sul coreana por engano, imaginando tratar-se de um jato espião do "inimigo". As duas superpotências apontavam mísseis nucleares uma à outra de várias partes do mundo e contavam com complexíssimos sistemas de defesa capazes de alertar sobre um ataque atômico em segundos, dando tempo ao "alvo" para reagir e também lançar seus mísseis. O resultado de uma guerra nuclear seria óbvio: Destruição mútua dos envolvidos e de grande parte do resto do mundo. Centenas de milhões de mortos.

Sob este cenário, Stanislav Petrov foi escalado para substituir outro oficial no comando de um posto-patrulha ao sul de Moscou, monitorando o sistema eletrônico coordenado por satélite que vigiava aquele espaço aéreo contra possíveis ataques norte-americanos. Qualquer sinal de perigo deveria ser imediatamente informado ao alto comando soviético que teria cerca de doze minutos para reagir no caso de uma investida nuclear. Por fim, o improvável pareceu virar fato quando radares da estação acusaram um míssil se aproximando, algo que Petrov estranhou, já que nenhum inimigo atacaria com um único projétil. O problema é que novos mísseis logo surgiram nos monitores, caracterizando uma possível ofensiva em larga escala, e, como previsto, os colegas de Petrov repassariam a informação, mas foram interrompidos pelo tenente-coronel que desconfiou de seus computadores e preferiu ignorar as próprias ordens, seguindo os instintos, imaginando tratar-se de um simples defeito do sistema. Informar seu alto-comando sobre aquilo significaria um provável contra-ataque russo, já que, diante do pouco tempo disponível, este mal teria condições de avaliar o contexto antes de reagir e aniquilar milhões de vidas, talvez sem motivo. Estar errado, em contrapartida, equivaleria a Petrov condenar seu país ao vexame de ser atacado sem revidar, sem cumprir com um protocolo coletivo histórico de décadas. Felizmente, ele estava certo, ao contrário dos malfadados computadores que precisaram de intervenção humana para evitar uma catástrofe. Mas salvar boa parte do planeta não pereceu satisfazer os superiores de Petrov, que jamais o recompensaram pela "desobediência", preferindo paralisar sua promissora carreira, que ele mais tarde abandonaria. Somente em meados dos anos 90, quando já findada a Guerra Fria e o comunismo russo, pôde Petrov desfrutar algum reconhecimento e gratificação, visto que seu segredo enfim foi revelado. Hoje, seu feito tem lugar certo na hitória mundial, lembrando-nos do perigo que nossos medos provocam quando investimos na indústria da destruição, instigando-nos a não precisar de novos Petrovs para ter um futuro.


Petrov recebe a condecoração de Cidadão do mundo em cerimônia das Nações Unidas realizada em Nova Iorque


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