Friday, April 24, 2009

Estranhas teorias de Quentin Tarantino - Parte 2



Já postei sobre esse assunto aqui no blog, destacando três trechos de filmes roteirizados pelo diretor, onde ele escancara teorias sobre Madonna, Top Gun e o Super Homem. Achei no youtube um curta-metragem escrito e dirigido por desconhecidos (pseudônimo 300 ml) e protagonizado por Selton Mello e Seu Jorge, que interpretam dois personagens numa mesa de restaurante. Um deles (Melo) tece teorias sobre os filmes de Quentin, interligando personagens de diferentes produções de modo bastante interessante, algo como um "código Tarantino" escondido em suas obras. Concordo com algumas partes e discordo de outras, como o lance do conteúdo da maleta, já que o personagem de Tim Roth em Pulp Fiction o reconhece como algo familiar. Lembremos que esse personagem não estava em Cães de Aluguel (o ator sim, mas como um policial). Minha opinião sobre o conteúdo da maleta foi motivo de um post em meu antigo blog até. Também discordo das teorias sobre Mia Wallace e a Noiva, mas o lance dos irmãos Vega tem tudo a ver.

Bom... asssista ao curta e tira suas conclusões.

Saturday, April 11, 2009

Quando um é deixado para trás



Tenho um colega de orkut que mora no Texas, Estados Unidos, e serviu na guerra do Vietnã. Quando indagado sobre a veracidade ou o "realismo" de filmes que abordam o conflito, esse colega responde com desdém, principalmente em se tratando de sucessos como Apocaplipse Now, Full Metal Jacket ou Platoon. No entanto, uma característica comum em filmes focados nos fuzileiros americanos, segundo ele, é real. A filosofia do "No one is left behind". Os fuzileiros (não o exército) dos Estados Unidos são adestrados a não deixar, sob qualquer hipótese, seus colegas mortos e feridos para trás, ainda que novas baixas ocorram em função disso. Não sei até onde, na prática, a coisa é aplicada caso a caso, mas meu colega veterano disse que ela existe, e que, ao contrário do que muitos crêem ou insinuam - como Stanley Kubrick, em seu Full Metal Jacket, no trecho em que um terço de um pelotão morre em função de um único ferido - , é uma prerrogativa inteligente, ainda que custe caro. O benefício dela é o moral da tropa e a confiança e entrega mútua entre seus integrantes, algo valioso no campo de batalha. Chegamos a debater esse assunto e sempre tive dúvidas sobre até onde meu colega poderia ou não ter razão. Em Black Hawk Down, por exemplo, uma operação inteira foi prejudicada em função de um único soldado (o filme é baseado em fatos reais, mas não sei se é nesse ponto em particular). Valeria a pena tamanho sacrifício?



Admito continuar no limbo, mas após assistir ontem ao longa-metragem Valsa em Bashir, pude entender melhor o outro lado da questão. Há um trecho em que uma coluna de tanques é atacada e dois dos veículos pegam fogo, obrigando seus ocupantes a fugir a pé, expondo-se à morte certa. O resto da coluna, percebendo o tamanho do problema, bate em retirada sem hesitar, mas um dos fugitivos sobrevive e acha um jeito de reencontrar sua antiga companhia. O clima entre ele e os colegas recém-encontrados é péssimo, como também sua sensação de culpa por não ter feito "o máximo que podia" em prol dos que ficaram para trás. Ampliemos isso a todas as companhias ou a todos os regimentos, desde o início de uma campanha, cada soldado sabendo que, ao primeiro sinal de perrengue, pode ser abandonado e deixado ao inimigo. O medo e a sensação de isolamento crescem, a entrega, o moral e o auto-controle diminuem, e isso num contexto em que tudo conspira à desunião e à neutralização do senso de grupo necessário à funcionalidade do mecanismo militar.

Aliás, Valsa Com Bashir é um ótimo filme justamente por isso, não por esse trecho em particular (há outro em que um soldado morre tentando salvar o colega ferido) mas pela mensagem que desenvolve sobre a falta de sentido, preparo, percepção global e meritocracia inerentes a uma guerra, coisa pouco explorada em filmes do gênero, mesmo os mais críticos ou "realistas".


Tuesday, April 07, 2009

Machete, a mentira que virou verdade



Diria Joseph Goebbels que uma mentira dita mil vezes se torna verdade. Não sei se a máxima do ministro nazista da propaganda se aplicaria ao caso desse post em todos os sentidos, mas isso não importa. Há dois anos, Quentin Tarantino e Robert Rodrigues se uniram para fazer uma obra inspirada em sessões de cinema típicas dos anos 70 e 80 com filmes baratos, muita mulher boa, violência e nenhuma censura. Chamavam-se Grindhouse, essas sessões, e a obra dos dois simula o que seria uma sessão específica com dois filmes para lá de picantes. Entre um e o outro filme, há uma seqüência de quatro falsos trailers daquilo que seriam os longas da próximas sessões. Horror, suspense, ficção científica gore e thriller de vingança ao velho estilo Bronson. O primeiro trailer "fake" é do próprio Robert Rodrigues, que trabalha em cima de uma idéia pensada quando ele rodou Desperado, mas depois arquivada, rearranjada sob forma de falso trailer e, graças a pedidos dos fãs, o personagem Machete, de Danny Trejo, deixará de ser uma "viagem" para povoar os cinemas como um longa-metragem real. O que era mentira virou verdade pelicular. Teremos em breve uma versão Chicana de Charles Bronson e Jean Claude Van Damme nas salas escuras e, se a coisa for tão boa quanto o trailer faz supor, talvez abra um rentável franquia.

Acompanhe, logo abaixo, o "falso e agora real" trailer de Machete, e, em seguida, as outras três obras primas da imaginação dos arquitetos do gore presentes em Grindhouse.





Para ver trailers reais de sessões Grindhouse da época, clique aqui e aqui.