Friday, March 26, 2010

O dia em que Ivan Drago existiu



Se você já assistiu aos principais filmes da saga de Rocky Balboa, sabe que Ivan Drago foi, senão O, um de seus mais notórios adversários. Lutador soviético desenvolvido em laboratórios secretos do KGB, sua meta, entre tantas, era servir de propaganda do regime socialista contra o grande satã estadunidense. Humilhou o inimigo na própria casa ao assassinar seu representante Apollo ao vivo diante de milhões de espectadores. Como vingança, os americanos enviaram seu "garanhão italiano" a Moscou, que, após um combate épico que ultrapassou as barreiras do possível e impossível do esporte, restabeleceu a supremacia yankee na categoria "pesados". Tudo bem que hoje quem manda entre os Heavy Weights não são mais os negões do Tio Sam, mas Russos, Ucranianos e outros representantes da antiga URSS, inspirados pela lenda de Drago, o (quase) invencível. O que nem todo mundo sabe é que um dia Drago lutou na vida real. Melhor dizendo, o ator Dolph Lundgren, que também foi lutador, entrentou Oleg Taktarov, outro lutador com experiência nas telonas. Taktarov é um profissional de MMA que já enfrentou gente do calibre de Marco Ruas e Tank Abbot. Lundgren, digo... Drago e Taktarov realizaram uma luta de exibição em solo russo, ao velho estilo Rocky, em uma homenagem aos bons e velhos tempos da cortina de ferro. Confira.

Sunday, March 14, 2010

A volta do trenzinho



Era grande, a espectativa, e talvez tenha sido a decepção. A Rede Globo que elogie e enalteça uma grandeza fictícia do Grande Premio do Bahrein para vender seu peixe. A mim, fica o pressentimento de um campeonato interessante com provas modorrentas.

Ano passado, a FIA tentou anular os empecilhos aerodinâmicos que tornavam os vácuos e as ultrapassagens problemáticas e conseguiu, coisa que ficou clara nas primeiras corridas da temporada, mas que a aprovação do difusor da Brawn impediu de se concretizar pelo resto do ano. A polêmica peça desfez muitos dos efeitos da mudança de regulamento, e, uma vez que virou padrão entre todas as equipes, as alternâncias de posições diminuíram, e o tiro da FIA saiu pela culatra.



Esse ano tem difusor duplo, não tem abastecimento, não tem KERS, não tem carro mais lento e mais leve na frente do mais pesado e mais rápido, não tem galera de trás fazendo parada a menos, não tem estratégia de Ross Brawn. O aparente equilíbrio entre quatro equipes e a presença de grandes pilotos em cada uma delas talvez não seja o bastante para impedir a volta do trenzinho "ninguém-passa-ninguém", que, desde muito, marca presença na categoria, uns anos mais, outros menos. Esse ano deve vir com tudo, obrigando pilotos a darem tudo na qualificação e na primeira volta, porque depois, será torcer para não quebrar e para o carro da frente errar.

Fora isso, teremos carros em condições parecidas com dificuldades para ultrapassar, mesmo que andem perto por dezenas de voltas, como hoje ocorreu entre Button e Webber, por exemplo. As brigas ficarão restritas aos pelotões da retaguarda, principalmente quando houver maior diferença de performance entre os times envolvidos, como num duelo entre Williams e Toro Rosso ou Lotus, por exemplo.

Pessimista? Talvez. Só tivemos uma corrida. Times e pilotos ainda não aprenderam a usar as novas regras, ou seja, ainda há esperanças de que eu queime a língua. Há circuitos que oferecem mais alternância também. Só espero que a coisa não fique ruim a ponto de precisarmos torcer para chover, se quisermos ver troca de posições na pista entre os pelotões dianteiros, digo, depois da primeira volta.



Massa deu mole, e não adianta Reginaldo Leme ficar chateado quando a equipe pede para poupar motor. Teve sua chance, perdeu na segunda curva e pagou. Se fosse o contrário, a ordem nas voltas finais seria a mesma... para Alonso, que, convenhamos, é mais piloto que Felipe, ainda que o brasileiro esteja andando bem e próximo do espanhol, com condições de vencê-lo numa corrida ou outra.

Button tem o defeito de ir mal na qualificação e se fizer isso como fez na metade final da temporada passada, será jantado por Hamilton, que tem nessa uma de suas principais qualidades. Hamilton não é Rubinho e Button não pode confiar só em sua performance de corrida.

Vettel ia ganhar, provavelmente, se o motor não o aniquilasse. Talvez Alonso viesse com tudo mesmo assim, mas seria difícil passar.

Schumacher não decepcionou, digo, para quem esteve três anos parado e não pôde praticar como deveria, já que os testes são limitados. Fez uma corrida correta, aproveitou-se de erros alheios e procurou não arriscar demais. Se evoluir ao longo do campeonato como se espera, pode até lutar por vitórias, dependendo da evolução do carro.



No mais, fica meu medo das equipes novatas, em especial a Hispania, que ainda é time de GP2. Torço para a FIA criar uma brecha no regulamento, admitindo mais testes, pelo menos para esses calouros, ou poderemos ter catástrofes na temporada.

Aliás, Hamilton e Schumi reclamaram do peso dos carros em entrevista, da dificuldade que eles geram para tentar ultrapassar, do problema de precisarem economizar pneus e de como o fim do abastecimento diminuiu as possibilidades de estratégia e alternância. Galvão que fale o que quiser. Esta não foi, nem de longe, uma grande estréia de temporada.

E que mico foi esse, hein, Bueno? Narrar a vitória da Alonso quando faltava uma volta? Imagina se fosse o Massa. Iam botar musiquinha e tudo.


Sunday, March 07, 2010

Os amigos do rei

O artigo a seguir é de autoria de Tostão e está presente em sua coluna. Achei muito interessante, por isso postei aqui. Seguem as palavras do mestre.



"No futebol, é dada muita importância a coisas que têm pouca ou nenhuma importância. Nas copas do mundo, o Brasil ganhou e perdeu, jogou muito bem e muito mal, com diferentes estratégias, dentro e fora de campo.

Já está definido. Se o Brasil ganhar ou perder, o motivo principal será Dunga. Isso é dar uma exagerada importância a Dunga ou a qualquer outro treinador.

Da mesma forma, a Argentina não estava tão ruim nas Eliminatórias porque Maradona é um técnico debiloide. Nem, de repente, após a vitória sobre a Alemanha, ele passou a ser um estrategista, somente porque a Argentina mostrou um time organizado, disciplinado, com ótima marcação e privilegiando os contra-ataques. Parecia o Brasil.

"As coisas não precisam de você"`, diz a belíssima música de Marina Lima e Antônio Cícero. O futebol também não precisa tanto dos técnicos. Eles são importantes, mas há coisas muito mais decisivas.

No fracasso na Copa de 66 e na conquista de 2002, a Seleção se concentrou em hotéis junto com a imprensa e os hóspedes. Na vitória em 70 e nas derrotas de 98 e 2006, o Brasil ficou em hotéis isolados. O tipo de concentração tem pouca importância.

Em todos os mundiais, que perdeu e que ganhou, havia um dia de folga na semana. Em 70, uns iam rezar, outros, conhecer a cidade, e alguns iam para a balada, como em 2006. Os jogadores de 70 não eram santos nem os de 2006 foram baderneiros.

Em 2002, não era raro encontrar um jogador no elevador do hotel, mesmo eles ficando em andares reservados. Como venceu, foi elogiada a proximidade dos jogadores com a imprensa e os hóspedes.

A concentração em Weggis, na Suíça, foi apontada como uma das principais causas do fracasso, em 2006. O hotel era fechado. Os treinos ficavam lotados de torcedores, como ocorre em quase todas as copas. É raro proibir a entrada de público. Em 70, como ocorreu em 2006, de vez em quando, um torcedor invadia o gramado, durante o treino.

O Brasil perdeu a Copa de 2006 porque os craques jogaram mal, alguns estavam fora de forma física (com ou sem balada no dia de folga), houve erros táticos, o time ficou prepotente e iludido com o oba-oba antes do Mundial, a França tinha mais conjunto e, do outro lado, estava Zidane. O restante é perfumaria.

A Seleção será superprotegida na África do Sul. Dunga mandou construir um muro de vidro em frente ao hotel. Quem está de fora não vê dentro, e quem está de dentro não vê o lado de fora. Espero que não haja cartilha nem obrigação dos jogadores cantarem o hino nacional, todos os dias.

Endosso a preocupação e as críticas de José Trajano à CBF, que não divulgou, até terminar esta coluna, as datas em que os jogadores iniciarão os treinos e que chegarão a Joanesburgo. Isso é essencial para o trabalho logístico da imprensa de todo o mundo. Se a CBF não tem ainda as datas, é por incompetência. A Copa está próxima.

Pelos antecedentes, tenho o direito de especular que a CBF quer dificultar o trabalho da imprensa, e que alguns privilegiados já têm a programação. A CBF tem muitos parceiros."


Thursday, March 04, 2010

Quando os oprimidos de ontem querem ser opressores



Em entrevista ao Estadão, Marcelo Madureira expõe críticas ao atual governo e sua crescente tendência de intervir e censurar o que rola na imprensa. Uma parte da nossa esquerda coitadinha e dona da verdade jamais quis liberdade de expressão. Muitas das vítimas dos excessos da ditadura militar só queriam estar do outro lado, fazendo a mesma coisa, e nunca foram a favor de democracia ou liberdade. Censura e ditadura não é melhor ou pior porque é "de esquerda", e por mais que eu não compactue com a política da Rede Globo de televisão, ainda acho que a liberdade de imprensa é o melhor instrumento que se pode ter para patrulhar o poder vigente, ainda que esta imprensa nem sempre se mostre idônea. Com imprensa é melhor que sem imprensa, e a competitividade entre os meios de comunicação e a abertura para novas mídias acaba por gerar, pelo menos, algum tipo de democracia da informação. Repito: Não existe essa de "ditadura esclarecida dos esquerdistas donos da verdade que sabem de tudo e não precisam ser atrapalhados pela mídia golpista". Isso é babela. A ditadura militar também fez o que fez "em defesa da democracia" e "dos interesses da nação", e a gente conhece o fim da história. Censura nunca mais. Nem de direita, nem de esquerda, e nem da própria imprensa.