Wednesday, September 10, 2008

Reaças em alto mar



Enquanto o resto do mundo reza para que Barack Obama crave um fim na era Bush e devolva um pouco de sensatez à Casa Branca, há uma parte significativa do povo americano unindo forças para perpetuar o absurdo de suas já conhecidas crenças e, conseqüentemente, seu estilo de vida. Gente que vê nos Estados Unidos da América o guardião mundial dos bons princípios do planeta e o direito de dirigir e explorar povos que mal conhecem e dos quais dependem a fim de manter sua redoma artificial de débito, consumismo, corporocracia, isolamento, poluição e ignorância, hoje em crise ante os olhos da política e economia mundial. Para tantos entre nós parece absurdo que, no evidente fracasso do mandato de George W. Bush, John McCain ainda consiga se manter empatado com Obama nas pesquisas. Quem são esses americanos que sustentam a gangue de Karl Rove na Casa Branca há oito anos? Quem são os alienados que insistem em ver na invasão do Iraque um sucesso inquestionável e uma missão com propósitos divinos? Sabemos que, sob o ponto de vista interno, duelos entre democratas e republicanos dizem respeito a mais coisas do que as questões internacionais que nos chegam via TV e internet. O eleitor yankee comum pode ser tão egoísta quanto qualquer outro, e se somarmos este egoísmo ao egoísmo cultural que a mídia, os códigos vigentes e sua própria voluntariedade o submetem, temos um conjunto de populações isoladas da realidade pela fé em princípios ultrapassados. Um tradicionalismo político-religioso de trocentos anos afundando ao sopro dos novos tempos, insistindo em agarrar-se no que pode, demolindo o mundo inteiro, se preciso, para não perecer. Sarah Palin é a nova cartada dessa gente. Uma figura de ares joviais, um neo-feminismo anti-feminista, uma aura de vencedora, de boa mãe, boa esposa, embalagem sofisticada e "hip" o bastante para atrair novos públicos a velhos ideais, como a volta do criacionismo às escolas, o fim da lei do aborto e do casamento homossexual. Se os liberais têm em seu Obama um possível elo com uma nova América, os conservadores apostam em Palin para dizer que o velho também pode ser novo, ou ao menos parecer novo. E na terra da ilusão e do entretenimento, o "show de luzes" tem mais importância do que palavras na hora de aumentar o rebanho.



Lembremos que Sarah será vice de um homem de 72 anos, com várias reincidências de câncer e um histórico médico que, nos últimos 8 anos, ultrapassa as 250 páginas.

A leitores curiosos sobre quem seriam ou como pensam esses republicanos comuns (e incomuns) que pouco aparecem na MTV, um artigo interessante. A revista Le Monde Diplomatique publicou em fevereiro uma matéria sobre um cruzeiro realizado para assinantes da National Review, bíblia do conservacionismo americano. O jornalista inglês Johann Har penetrou a "nau dos reaças" para analisar o perfil de seus viajantes; o que eles dizem quando longe de "ouvidos indiscretos". A matéria é de tirar o chapéu.

Para lê-la, clique
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3 comments:

Anonymous said...

:)

Unknown said...

Sou só eu o em cada uma das fotos ela lembrou uma pessoa diferente? A "Andréa" de Barrados no Baile na primeira e a Britney Spears na segunda. Se n eistisse, eu diria que é como a S1mone do filme, uma montagem a partir de elementos atraentes de determinadas mulheres. E o pior é que isso pode dar certo. Estamos falando da mesma nação que suportou 8 anos de um mentira mercadológica que sustentou a retomada corporativa de um pais? No momento em que temos a possibilidade de ter um preto no poder, conta-atacam com uma mulher bonita e com cara de simpática. Teria sido coisa de marqueteiro

Luiz Mendes Junior said...

Alguma dúvida sobre isso?