Sunday, July 12, 2009

Barrichello - desapontado e sozinho



Rubens Barrichello: outra vez prejudicado pela irregularidade e uma combinação de fatores negativos, desde a presença de Felipe Massa a sua frente, tirando-lhe um segundo e meio por volta em cinco voltas, até o erro com a mangueira nos boxes, que lhe usurpou a chance de um pódio e de um pequeno triunfo moral sobre Jenson Button, apesar das parcas chances reais de brigar pelo título.

Como de costume, o brasileiro reclamou, e, como de costume, foi criticado pela mídia por isso, como se suas palavras fossem meras desculpas para ocultar a própria incompetência. Que Button vem sendo mais rápido e constante que Barrica ao longo da temporada e merecedor da liderança no campeonato, acho que nem o próprio Rubens duvida. A pinimba está em pequenos detalhes de algumas poucas corridas em que Barrichello conseguiu ser melhor que Button e, por uma "combinação de fatores", acabou perdendo a disputa particular com o companheiro de equipe.



Erros de time acontecem. Na Ferrari então, nem se fala. Só que lá se erra para os dois lados. Na Brawn, os tropeços vem muito mais para o brasileiro enquanto o inglês parece contar com uma maravilhosa "combinação de fatores positiva" em corridas onde tudo poderia dar errado e dá certo, o que estende para além do mérito direto a margem de trunfos sobre o companheiro. Na Espanha, houve a tal mudança de estratégia, até agora mal explicada pela equipe, favorecendo Jenson. Em outras provas, erros na escolha de pneus e agora o problema da mangueira. As duas disfunções mecânicas de largada também vieram para o lado de Rubinho e, se isso não me leva a desconfiar de sabotagem, pelo menos me faz pensar numa diferença de tratamento no time, de um "amor pelo trabalho" maior de um lado do que de outro, como já ocorreu em outras épocas, vide McLaren em 2007 e 89 (em favor de Hamilton e Senna), e Williams em 86 e 87 (em favor de Mansell sobre Piquet). São detalhes que podem soar irrelevantes, mas que minam a força de vontade do piloto prejudicado para a corrida seguinte, uma vez que ele percebe que nem quando está melhor que o companheiro, as coisas andam a seu favor. Com o tempo, há o enfraquecimento da esperança, do ímpeto, do tesão competitivo e o espírito de luta cede ao desânimo. Se antes havia uma sensível diferença de capacidade entre um piloto e outro, passa a haver dominância completa de uma parte, como quando Senna passou a vencer Prost sempre e não maioria dos embates, como anteriormente. A força mental do elo mais fraco é quebrada, ele abaixa a cabeça e ambos passam a despender menos energia contra o colega, sossegando em suas condições de primeiro e segundo piloto, para o bem da equipe, que pode apontar todos os esforços contra as outras escuderias.



Ross Brawn se surpreendeu com o desempenho de Button esse ano e admitiu não imaginar até então que o inglês era tão bom. A rápida ascensão de Button no campeonato sobre o companheiro pode ter gerado um senso de preferência para a disputa do título e também de confiança frente à conhecida irregularidade de Rubens.

Outra ascensão, a da RBR, que dá sinais de ser a grande equipe do ano na segunda metade do campeonato, enquanto a Brawn talvez mal consiga se manter como segunda força, faz Ross repensar os esquemas de como obter seu título. Se, de fato, a RBR for bem melhor daqui ao fim da temporada, não haverá mais espaço para dois aspirantes ao caneco, até porque 2009 talvez seja a única chance da Brawn ser um dia campeã do mundo. Para o ano que vem, haverá uma preocupação maior dos outros times com o desenvolvimento dos "marca-texto com rodas" e decerto nenhuma surpresa oriunda de brechas do regulamento como o difusor duplo. Em suma, há grandes possibilidades da Brawn ser uma equipe do segundo escalão em 2010.

Com isso, qualquer possibilidade de favorecimento a Button será bem-vinda a Ross Brawn, para desespero de Rubens, agora mais sozinho do que nunca em sua luta pelo tão sonhado título.

Tem razão em reclamar algumas vezes (como hoje), em outras não. Para Ross, isso é irrelevante, já que ele não pretende colocar em risco o caneco inédito em nome do drama individual de um piloto às portas da aposentadoria. O time está para o time; nesse caso, Button. E Rubens ruminará sozinho outra vez.


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