Sunday, July 05, 2009

Copa das Confederações - Parte IV



Pode-se dizer que a derrota norte-americana para o Brasil de domingo passado pela Copa das Confederações foi a primeira experiência real dos Estados Unidos com sua seleção de futebol masculino, o primeiro trauma, o primeiro momento em que este país, seus cidadãos comuns, muitos deles pouco interessados ou relacionados com o "soccer", acompanhou a seleção nacional, torceu, desejou ver a nação de John Wayne triunfando no futebol como representante legítimo da auto-estima do país. Vibrou com o "dois a zero" um pouquinho como nosso Brasil na copa de 50 ao se ver pela primeira vez alçado à condição de grande força desse esporte, e lamentou em proporções reduzidas como nós lamentamos ao perder a final do torneio de virada. Não houve mais aquela honra de time pequeno pela respeito conquistado, o "estamos contentes por chegar até aqui". O espírito americano de "não podemos perder" enfim se encontrou com a seleção, e eles quiseram ser os Estados Unidos também no esporte mais popular da terra, mesmo que por um instante. Fãs de longa data do "soccer" no país pararam de torcer para seus times estrangeiros favoritos. Spike Lee parou de torcer pelo Brasil. Quem até então cagava e andava para o time de Donovan e companhia, no mínimo, soube do que acontecia na África do Sul como saberia de uma decisão da NBA, NFL ou Major League Baseball. Até então não havia isso. Talvez houvesse se ganhassem do Brasil em 94 ou da Alemanha em 2002, mas os Estados Unidos só aceitam torcer para seu time de futebol quando ele estiver entre os grandes para então ser chamado de "Estados Unidos". O triunfo sobre a Espanha trouxe esse espírito, que seria, pelo menos na mente ianque, consolidado com uma vitória sobre o Brasil, e David Letterman, Oprah Winfrey e tantos apresentadores, atores, cantores e personagens de seriado que conhecemos há gerações falariam mais de copa do mundo, de seleções de futebol e do Brasil de chuteiras, que parece não existir no planeta dessas celebridades. Sim, tirariam uma baita onda, como quis Aschton Kutcher no Twitter enquanto perdíamos de dois a zero. Seria a nova vitória no Hockey contra a Rússia em 80.

Perderam, para nosso alívio. Mesmo assim, o americano comum sentiu enfim o gostinho de uma "World Cup experience" e aquele desejo genuíno de vencer, de mostrar que seu país "pode", de reverter um trauma de batismo, e se essa coisa seguir como ocorreu aqui em 50, veremos o "gigante americano" se esforçar como jamais fez para integrar o mundo e a história do futebol internacional, como já faz no feminino.


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