Thursday, September 24, 2009

Cara de pau



Domingo que vem, vai ao ar a primeira manifestação audivisual pública de Nelson Piquet sobre o incidente envolvendo seu filho no GP de Cingapura ano passado. Já opinei sobre esse assunto no início do mês, quando a coisa ainda não tinha sido comprovada, e minhas suspeitas se confimaram. Nelsão (que antigamente também era chamado de Nelsinho) usou o caso para chantagear Briatore contra a demissão do filho e cumpriu sua promessa, uma vez que o italiano não arregou.

Cinismo. Piquezão jamais abriria a boca se o filho continuasse no time. Na chamada para o fantástico de domingo, diz que preferiria perder a trapacear. Balela. Quem acompanhou a carreira do moço sabe muito bem do que ele e o projetista Gordon Murray eram capazes para ganhar corridas nos tempos de Brabham. Há uma década, Nelsão se gabava dos tempos em que trocava o banco do carro por outro de cinquenta quilos a ser usado apenas na hora da pesagem. Com isso, o carro corria abaixo do peso mínimo permitido. Manobra parecida foi feita no GP do Brasil de 82, quando ele e Murray armaram um esquema de correr com um lastro enorme de água que seria descarregada ao longo do GP, em cada freada, e o carro ficaria mais leve já no meio da prova. O esquema foi descoberto e Piquet desclassificado.

O dito cujo nunca foi exatamente um porta voz do jogo limpo na categoria. De atenuante para o filho, apenas a pressão de obedecer à ordem do chefe, o que não o exime de culpa, mas diminui um pouco sua carga de responsabilidade, o que não basta para evitar o comprometimento da imagem do garoto. Entre ser leal ao time e ao esporte, optou pela primeira opção por motivos egoístas e também abriu o jogo por motivos egoístas. Não duvido que alguns dos atuais pilotos fariam igual em situação igual, mas não fizeram, ou pelo menos ninguém ficou sabendo. Sendo assim, nada mais justo que o embaraço público, cujo tamanho só o tempo irá revelar. Enquanto isso, o papai põe panos quentes.

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